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Trudeau troca gabinete do Canadá em meio a ameaças tarifárias de Trump

20/12/2024 15h45

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou, nesta sexta-feira (20), mudanças em um terço de seu gabinete, em plena crise política após a surpreendente renúncia de sua vice, Chrystia Freeland, e um aumento das tensões com Donald Trump. 

A decisão ocorre uma semana depois da saída de Freeland, ex-ministra da Economia e colaboradora de Trudeau durante uma década, devido a diferenças sobre a estratégia para responder as ameaças de Trump, que assumirá a Presidência em 20 de janeiro, de elevar as tarifas alfandegárias para produtos canadenses. 

"Nossa equipe se concentrará no que mais importa para os canadenses: tornar a vida mais acessível, fazer a economia crescer e criar bons empregos para a classe média", disse Trudeau em um comunicado no qual não mencionou as tensões atuais. 

Oito ministros foram nomeados para substituir aqueles que saíram, e pelo menos quatro receberam novas responsabilidades.

Ao menos quatro ministros assumiram novas responsabilidades.

Após seu juramento, todos os nove ministros manifestaram sua confiança em Trudeau. "Este é um momento em que devemos permanecer unidos", disse Anita Anand, a nova ministra dos Transportes.

- "Moção de censura" -

Trudeu, do partido Liberal, enfrenta sua maior crise política desde que chegou ao poder há nove anos, com uma minoria no Parlamento, a perda de seu aliado de esquerda e um descontentamento crescente em sua própria bancada. 

Alguns correligionários pediram que apresentasse a renúncia, preocupados de que seu partido não tenha chances nas próximas eleições, com um eleitorado fadigado.

Nesta sexta, paralelamente às mudanças no gabinete, o líder do Novo Partido Democrático (NPD) e ex-aliado de esquerda de Trudeau, Jagmeet Singh, anunciou que deixaria de apoiar o governo.

"O tempo deste governo acabou. Apresentaremos uma moção de censura clara na próxima sessão na Câmara dos Comuns", afirmou em uma carta.

As legislativas devem ser celebradas no mais tardar em 20 de outubro de 2025, mas se uma moção de censura for votada, o governo poderia cair e isso anteciparia as eleições.

Está previsto que os parlamentares voltem a trabalhar no fim de janeiro. Mas não se sabe com certeza quando será a manobra do NPD de Singh, dos Conservadores e do Bloco Quebecois, de tentar expulsar os liberais.

A saída repentina de Freeland expôs as diferenças sobre como abordar a iminente guerra comercial que se avizinha com os Estados Unidos. 

Ottawa busca frear as ameaças de Trump, que prometeu impor tarifas alfandegárias de até 25% aos seus vizinhos México e Canadá quando voltar ao poder em janeiro. 

Esta medida seria catastrófica para o país, afirmam especialistas. Os Estados Unidos são o primeiro parceiro comercial do Canadá e destino de 75% das exportações canadenses. Cerca de dois milhões de pessoas no Canadá dependem deste comércio de um total de 41 milhões de habitantes.

- O 51º estado dos EUA -

Outras declarações de Trump aumentaram a tensão no Canadá.

O presidente eleito se referiu ao país como o 51º estado dos Estados Unidos e chamou Trudeau de "governador".

Após uma década no poder, a popularidade do premiê está abalada, sendo ele responsabilizado pela inflação, crise de moradia e deterioração dos serviços públicos no país.

Trudeau está 20 pontos atrás de seu rival conservador Pierre Poilievre. 

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© Agence France-Presse

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