'Temos de corrigir essa escorregada que o dólar deu aqui', afirma Haddad
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconhece que o fortalecimento do dólar, ocorrido em todo o mundo, foi maior no Brasil. Em razão disso, ele avalia que é preciso "corrigir a escorregada" da moeda, não buscando uma "meta", mas corrigindo disfuncionalidades e recuperando o equilíbrio, papel que deve ser conduzido pelo Banco Central.
"Temos de corrigir essa 'escorregada' que o dólar deu aqui. Não é no sentido de buscar um nível de dólar, de mirar uma meta. Na minha opinião, o sentido que o Banco Central tinha que atuar - isso é atribuição dele - é não buscar um nível, mas um equilíbrio. Sempre que houver uma disfuncionalidade - por incerteza, insegurança, seja o que for - no mercado de câmbio e de juros, o BC deve promover correções nesse sentido. Não buscando uma meta do valor de dólar adequado, não é esse o papel do BC, mas corrigir disfuncionalidade, sim", respondeu o ministro em café da manhã com jornalistas.
Ele reconheceu também que houve problemas de comunicação ao fim deste ano que fortaleceram o dólar ante o real de forma mais forte em relação aos pares e que, por isso, é preciso "corrigir" a comunicação e tomar medidas para fazer com que o câmbio retome a uma situação de funcionalidade.
Para Haddad, os vazamentos ocorridos na véspera do anúncio das medidas de contenção de gastos provocaram efeitos deletérios, o que exigiu muita explicação por causa da má compreensão das medidas. "A partir do momento que BC e Tesouro atuam, e as medidas vão ficando mais claras, eu penso que essa tensão se atenue e as coisas voltem à normalidade", disse.
Essa "normalidade" foi classificada ainda por Haddad como "desafiadora" em razão do cenário externo. "Eu li um artigo ontem que o cenário externo corresponde por alguma coisa em torno de 30%, 40% do problema. Esse cenário externo continua desafiador, os juros nos EUA, as políticas que são anunciadas após as eleições americanas, tudo isso vem gerando uma reacomodação geopolítica e econômica no mundo", afirmou o ministro, contexto que exige que o Brasil "preste atenção" na própria casa para não deixar que, por aqui, por falta de comunicação e medidas adequadas gerem um "transtorno desnecessário".