Topo
Notícias

Idosa bolsonarista presa em São Paulo recebe R$ 14,5 mil de pensão militar

do UOL

Maurício Businari

Colaboração para o UOL

20/12/2024 13h15Atualizada em 20/12/2024 16h02

Maria Cristina de Araújo Rocha, de 77 anos, insultou um agente federal ao tentar deixar uma coroa de flores em frente à casa do presidente Lula, em São Paulo. Filha de militar, recebe R$ 14,5 mil de pensão e já levou taco de beisebol para manifestação em São Paulo.

O que aconteceu

Nesta quarta-feira (18), Maria Cristina foi detida em flagrante por injúria racial. O incidente ocorreu no bairro de Alto de Pinheiros, quando a idosa chamou um agente do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de "macaco". A situação aconteceu enquanto ela tentava deixar uma coroa de flores na casa de Lula, numa provocação irônica em alusão à recuperação do presidente de uma cirurgia. A cena foi registrada em vídeo.

Maria Cristina foi conduzida à Superintendência da PF (Polícia Federal) na Lapa, onde permaneceu até sua liberação provisória. Seu carro, que exibiu adesivos provocativos contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, foi guinchado e inspecionado. A pena para injúria racial varia de 2 a 5 anos de reclusão. O UOL solicitou informações à PF, mas até o momento a corporação ainda não havia respondido aos questionamentos. A defesa de Maria Cristina não foi localizada, mas o espaço segue em aberto para futuras manifestações.

Filha do ex-general Virgílio da Silva Rocha, a idosa recebe pensão vitalícia de R$ 14,5 mil. O benefício é pago pelo Estado brasileiro desde 2009. Maria Cristina se gaba publicamente de ser amiga do general Villas Bôas, figura ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Essa conexão teria sido citada durante sua detenção, numa tentativa de justificar sua conduta e evitar a prisão.

Órfã de um militar reformado de alta patente, Maria Cristina se gaba nas redes da amizade que mantém com o general Villas-Bôas - Reprodução/Redes Sociais - Reprodução/Redes Sociais
Órfã de um militar reformado de alta patente, Maria Cristina se gaba nas redes da amizade que mantém com o general Villas-Bôas
Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Maria Cristina utiliza suas redes sociais para expressar posicionamentos radicais. No Facebook, ela se assume a favor do porte de armas, fã de Jair Bolsonaro e defende a extinção das esquerdas no Brasil.

Suas postagens incluem apoio à invasão dos prédios dos Três Poderes, em Brasília, durante os atos golpistas de 8 de janeiro. É vista em fotos ao lado de políticos como Carla Zambelli, Kim Kataguiri e Fernando Holiday. Suas manifestações incluem provocações frequentes a adversários políticos.

Antes de sua prisão, ela gravou um vídeo ironizando os jornalistas. Na tarde de quinta-feira (19), postou imagens dos profissionais em frente à casa de Lula, comentando: "Nossa, a imprensa está calma aqui hoje". Após ser liberada, na madrugada de hoje, ela publicou críticas e ironias sobre o ocorrido. Chamou a carceragem da Polícia Federal de "inferno" e declarou: "Outrora instituição que valia algo". Ironizou também a apreensão de seu carro: "Carro apreendido pela PF para revista. Estavam com medo de ter explosivos".

A idosa questionou a proibição de se aproximar da residência presidencial. Em outra postagem, escreveu: "Proibida de chegar perto da casa do excelentíssimo presidente da república e excelentíssimo senhor ministro cabeça de piroca". Além disso, defendeu-se das acusações de injúria racial afirmando: "Não sou racista. Se fosse, assumiria".

Maria Cristina voltou a postar nas redes na madrugada de hoje, criticando a prisão e negando ser "racista" - Reprodução/Redes Sociais - Reprodução/Redes Sociais
Maria Cristina voltou a postar nas redes na madrugada de hoje, criticando a prisão e negando ser "racista"
Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Champanhe e taco de beisebol

Maria Cristina participou de um evento para comemorar a prisão de Lula em 2018. No dia 6 de abril daquele ano, logo após o ex-presidente ser detido, ela levou uma garrafa de champanhe para a frente do prédio da PF, em São Paulo, onde estava acompanhada de outros manifestantes da direita. Ao UOL, declarou: "Finalmente a direita está se unindo", e chamou Lula de "vagabundo, canalha, ladrão".

Em 2020, tentou invadir uma manifestação antifascista na Avenida Paulista portando um taco de beisebol com o nome "Rivotril", sendo retirada pela Polícia Militar para evitar confrontos. Na época, o então secretário de Segurança Pública, João Camilo Pires de Campos, elogiou o policial militar que a escoltou. Segundo o secretário, o policial agiu "corretamente ao conseguir retirar a mulher de uma discussão sem o emprego da força" e afirmou que o taco deveria ter sido retirado.

Maria Cristina acumula acusações de atos racistas em outras ocasiões. Durante a pandemia, participou de um protesto em frente à embaixada da China em São Paulo, onde teria proferido ofensas racistas contra a equipe diplomática chinesa.

Em nota, a PF (Polícia Federal) informou que a idosa de 77 anos estacionou seu veículo próximo à casa do presidente da República, em São Paulo - SP, com dois cartazes presos nas laterais do veículo. Eles traziam imagens ofensivas ao Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, além de uma coroa de flores colocada na calçada da residência. "A mulher foi autuada em flagrante por injúria racial em face de um agente de Polícia Federal, em razão de ofensas proferidas na mesma ocasião. Foi conduzida para a Superintendência da PF em São Paulo onde permanece à disposição da justiça", informou.

Em 2018, Cristina levou uma garrafa de champanhe para comemorar a prisão de Lula na porta da PF em SP - Bernardo Barbosa/UOL - Bernardo Barbosa/UOL
Em 2018, Cristina levou uma garrafa de champanhe para comemorar a prisão de Lula na porta da PF em SP
Imagem: Bernardo Barbosa/UOL

Notícias