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Gabriel Monteiro é condenado por invadir hospital durante pandemia

Gabriel Monteiro invadiu hospital para fazer gravações em plena pandemia - Reprodução
Gabriel Monteiro invadiu hospital para fazer gravações em plena pandemia Imagem: Reprodução
do UOL

Tiago Minervino

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/12/2024 13h13

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro condenou o ex-vereador Gabriel Monteiro por invadir um hospital durante a pandemia.

O que aconteceu

Gabriel Monteiro foi condenado por invadir o CTI (Centro de Terapia Intensiva) da Coordenação de Emergência Regional do Leblon, no Rio, em 2021. Na ocasião, o então vereador pela capital fluminense entrou na unidade de saúde com uma câmera sob o pretexto de que iria realizar uma "vistoria", e violou os protocolos de saúde adotados durante o contexto da emergência sanitária.

Justiça estipulou pena de um ano de prisão, que foi convertida para a prestação de serviços comunitários pelo mesmo período. A sentença foi assinada pela juíza Maria Tereza Donatti, do 4º Juizado Especial Criminal.

Monteiro invadiu as dependências do hospital público localizado no Leblon em 26 de março de 2021. Ele foi denunciado pelo Ministério Público do Rio e, segundo a denúncia do órgão, na ocasião o político, acompanhado por assessores, "circulou por diversas alas [do hospital] filmando os pacientes e os funcionários", além de adentrar "o CTI fixado onde estavam 20 pacientes em ventilação mecânica, dependendo de altíssimo cuidado e vigilância, utilizando equipamentos sem higienização, como celulares".

Ao acolher a denúncia do MPRJ, a juíza destacou que a invasão provocada por Monteiro foi prejudicial à recuperação dos enfermos". "O denunciando, utilizando-se dos mesmos EPIs com os quais circulou pela ala de covid, se dirigiu a outro CTI, onde estavam internados pacientes acometidos por outras doenças e em estado grave, expondo, assim, os funcionários do hospital e os demais doentes à contaminação por covid".

Juíza pontuou o comportamento de Gabriel, que teve seu mandato cassado por quebra de decoro. "Como mandatário do povo, deveria ele agir conforme a lei, mas dela ele se afastou, em busca de promoção pessoal em seus canais veiculados pela internet".

Gabriel Monteiro pode recorrer da decisão. O UOL entrou em contato com a defesa do ex-vereador e aguarda retorno.

Perda do mandato

Gabriel Monteiro está preso desde novembro de 2022. Ele foi condenado por estupro, mas já foi denunciado pelo MP por ter filmado uma relação sexual dele com uma adolescente de 15 anos, por assédio sexual contra uma assessora, e por realizar perseguição e desacato contra um superior.

Em outubro de 2022, ele teve o mandato de vereador pelo Rio de Janeiro cassado. A cassação foi justificada por uma série de acusações, entre as quais as gravações de sexo que ele fez com uma adolescente, por assédio moral e sexual contra ex-assessores e por manipulação de vídeos.

Monteiro, que foi aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ganhou notoriedade pelos discursos contra os direitos humanos e pela postura negacionista na pandemia. Além do hospital no Leblon, ele também invadiu outras unidades de saúde, a exemplo da UPA de Senador Camará, em novembro de 2021. Na época, ele chegou a dar "voz de prisão" a um médico por, supostamente, não estar trabalhando no horário de plantão — nesse caso, o político foi denunciado por difamação contra o profissional de saúde.

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