Fenasamba e Federação de Carnaval de Paris assinam parceria para promover samba e carnaval na França
A Fenasamba, entidade que representa mais de 100 ligas municipais e 1000 escolas de samba do Brasil, assinou em Paris um acordo de cooperação com a Federação de Carnaval Tropical de Paris (FCTP). O objetivo é promover o intercâmbio entre as duas entidades para trocas de experiências e fortalecer a cultura do samba e do carnaval.
Durante a cerimônia realizada na quinta-feira (12) na Assembleia Nacional Francesa, os presidentes da Fenasamba e da Federação de Carnaval de Paris destacaram a importância de estreitar os laços culturais entre o Brasil e da França.
"O Brasil tem construído acordos na América Latina. Já temos acordos firmados com o Panamá, a Colômbia, a Argentina e o Uruguai, que inclusive organizam bons desfiles de escolas de samba, em espaços próprios e sambódromos. Estamos agora construindo uma ação na Europa, a partir da França, que tem a experiência de faz um espetáculo carnavalesco na maior cidade turística do mundo", diz Kaxitu Campos, presidente da Fenasamba em entrevista à RFI.
Segundo ele, o carnaval brasileiro gera um ativo de US$ 2 bilhões e uma importante vitrine para a difusão da cultura brasileira no exterior. "O carnaval é uma atividade econômica importante, é um desenvolvimento para as comunidades mais pobres, com mais dificuldades. Os recursos do carnaval atingem de forma democrática toda uma população", acrescenta.
Durante a assinatura do acordo de cooperação, o presidente da Federação do Carnaval Tropical de Paris, Thierry Lacroix, destacou o histórico do carnaval promovido há 25 anos nas ruas da capital francesa. A festa popular, realizada no meio do ano, exibe tradicionalmente as manifestações populares típicas dos territórios ultramarinos franceses da Guadalupe, Martinica e da Guina Francesa.
Segundo Thierry, o carnaval parisiense tem sua própria identidade, mas a intenção é também abrir espaço para manifestações carnavalescas de outros países e particularmente o Brasil.
"Estamos cooperando plenamente para que possamos desenvolver e trocar cultura e know-how, e aprender com a Fensamba também. No aspecto econômico, ainda não somos uma potência. Mas aqui também temos figurinistas, costureiras que podem ensinar nossos associados e também poderão ir ao Brasil para fazer cursos de treinamento, e também trocar ideias sobre o carnaval. Sabemos que o Brasil é o carnaval número um do mundo. Aqui ainda estamos nos primeiros passos", destaca Therry Lacroix.
Os primeiros intercâmbios serão realizados já a partir do início de 2025, com o convite da Fenasamba para que uma delegação da FCTP possa ver de perto os desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro e dos blocos de rua durante o carnaval carioca. Muitas outras atividades estão previstas no âmbito da temporada cultural do Ano do Brasil na França, no primeiro semestre do ano, e da França no Brasil, no segundo semestre.
"Nós vamos trazer mais de 100 brasileiros das escolas de samba para desfilar no carnaval de Paris e vamos fazer também uma exposição de arte com artistas brasileiros", afirma Kaxitu. O presidente da Fenasamba também conta com a presença da FCTP no primeiro Encontro Mundial de Culturas Carnavalescas a ser realizado em setembro em Florianópolis.
O acordo de cooperação entre a Fenasamba e Federação do Carnaval Tropical de Paris tem o apoio do Ministério da Cultura do Brasil, que enviou a Paris o coordenador do grupo de trabalho do Carnaval do Minc, Yuri Soares Franco, para prestigiar a assinatura do documento que oficializou a parceria.
"A gente entende o papel importante das relações internacionais para a promoção da cultura brasileira no mundo e para o intercâmbio com outras culturas com as quais temos diálogo. O carnaval é o grande expoente da cultura brasileira, que gera tanto visibilidade quanto empregos, renda, turismo e economia criativa. É importante para a difusão cultural do carnaval tanto no Brasil quanto na França", afirmou Yuri.
Para o presidente da FCTP, a presença de representantes das escolas de samba do Brasil em Paris no ano que vem vai reforçar o interesse crescente pelos desfiles que acontecem na capital francesa e também pelas escolas e clubes que se formam na cidade e atraem diversas comunidades.
"Os parisienses adoram samba, basta olhar a diversidade nas escolas de samba e elas são culturalmente diversas, com brasileiras, francesas ou das Antilhas, todas as comunidades amam o samba. Trata-se de compartilhar a cultura, aprender com os outros. Porque há uma coisa que não podemos nos esquecer: o carnaval, seja no Brasil, na Martinica, em Guadalupe ou em Paris, é uma válvula de escape", finaliza Lacroix.