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Comentários racistas e homofóbicos atribuídos a Macron são desmentidos pela presidência francesa

20/12/2024 16h46

A presidência francesa afirmou nesta sexta-feira (20) que os comentários considerados racistas, homofóbicos e machistas atribuídos ao presidente Emmanuel Macron em uma série de artigos publicados pelo jornal Le Monde são falsos. As supostas declarações do chefe de Estado suscitaram reações de vários parlamentares, principalmente da oposição, em um momento em que a popularidade de Macron está em queda.

A presidência francesa afirmou nesta sexta-feira (20) que os comentários considerados racistas, homofóbicos e machistas atribuídos ao presidente Emmanuel Macron em uma série de artigos publicados pelo jornal Le Monde são falsos. As supostas declarações do chefe de Estado suscitaram reações de vários parlamentares, principalmente da oposição, em um momento em que a popularidade de Macron está em queda.

Em uma longa investigação dedicada ao presidente, da qual duas de suas quatro partes foram publicadas na quinta-feira (19), Macron teria afirmado em 2023, ao seu então ministro da Saúde Aurélien Rousseau, que "o problema com [os serviços de] emergência médica do país é que eles estão cheios de Mamadou", um nome muito comum na África Ocidental. A declaração teria sido feita durante uma conversa sobre a situação dos hospitais públicos e o dispositivo de ajuda médica gratuita oferecida pelo Estado francês aos estrangeiros em situação irregular, um dispositivo que alguns políticos de direita tentam suprimir.

Le Monde afirma ainda que Matignon, residência do primeiro-ministro, havia sido apelidado pelo Palácio do Eliseu de "Gaiola das Loucas" quando o premiê era Gabriel Attal, primeiro chefe de governo abertamente homossexual na França.

Ainda segundo o vespertino, o chefe de Estado teria chamado de "cocottes" a líder dos ecologistas Marine Tondelier e Lucie Castets, que chegou a ser indicada pela coalizão de esquerda para assumir o governo. O termo é usado de forma pejorativa em francês para descrever mulheres extravagantes e muito enfeitadas.

A presidência rebateu as acusações logo que os textos começaram a circular. "O Eliseu nega da maneira veemente estas declarações, que não foram checadas com a presidência antes de serem publicadas", reagiu nesta sexta-feira (20) o gabinete do presidente.

No entanto, Ivanne Trippenbach, uma das jornalistas que assinam a série de reportagens, escreveu na rede social X que o jornal "Le Monde mantém suas informações". O vespertino também informa no final de um dos textos que a equipe de reportagem tentou, "várias vezes nas últimas semanas, por meio dos serviços do Eliseu, mas também por uma correspondência direta" obter uma reação do chefe de Estado sobre as denúncias, mas não obteve nenhuma resposta.

Oposição se mobiliza

"Essas declarações racistas do presidente (...) são um insulto [ao país], uma desgraça absoluta. Não vejo a hora de ele ir embora", escreveu Manuel Bompard, líder do partido de esquerda radical A França Insubmissa (LFI), na rede social X.

"Vale tudo: racismo, homofobia, sexismo. Tudo trancado em um palácio dourado, longe do olhar dos franceses, a quem ele dá lições de moral o dia todo", criticou o deputado de esquerda François Ruffin. Esses comentários "são racistas. Sem dúvida alguma", condenou também o senador comunista de Paris, Ian Brossat, nas redes sociais.

"Fiquei sabendo ontem das declarações homofóbicas extremamente chocantes do presidente da República sobre Gabriel Attal. Hoje são esses comentários machistas (...). Esperamos impacientes o que virá amanhã", ironizou Marine Tondelier.

Já a ministra francesa da Cultura, Rachida Dati, saiu em defesa do chefe de Estado. "O jornal Le Monde não se engrandece construindo uma série de matérias sobre o presidente a partir de rumores e fofocas, como se fosse um tabloide", disse a ministra. Mais discretos, alguns próximos de Macron também reagiram, contestando principalmente uma suposta falta de rigor do vespertino na realização de suas reportagens.

Os textos foram publicados pelo Le Monde no mesmo momento em que Macron está em Mayotte, território francês devastado pelo ciclone Chido na semana passada. No arquipélago, o chefe de Estado teve que afrontar a indignação da população, que reclama da demora para receber ajuda e, em uma conversa com moradores, declarou, com veemência, que "vocês deveriam estar felizes por estarem na França, porque se [Mayotte] não fizesse parte da França, vocês estariam 10.000 vezes mais na merda".

Macron registra o índice de popularidade mais baixo desde que chegou ao poder em 2017. Segundo uma pesquisa de opinião divulgada no final de novembro pelo instituto Odoxa, 76% da população o considera um "mau presidente".

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