Autonomia foi grande ganho a BC, mas não terminou, afirma Campos Neto
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, citou nesta quinta-feira, 20, a conquista da autonomia institucional como uma das principais mudanças na instituição durante a sua gestão, iniciada em 2019. Em uma live de despedida no canal da autarquia, o banqueiro central disse que esse processo representou um ganho institucional, mas ainda não está terminado.
"Acho que coloca a instituição à frente das pessoas, à frente da ideologia, à frente dos governos, à frente do tempo político, com um tempo diferente do tempo político, com um tempo institucional mais adequado às características necessárias para o cumprimento das nossas missões", disse o presidente do BC, acrescentando que o valor da autonomia foi demonstrado durante a transição no comando da autarquia.
A autonomia operacional do BC foi uma bandeira da gestão de Campos Neto, que tomou para si a tarefa de articular com parlamentares a aprovação da medida. Mesmo assim, o banqueiro central não conseguiu avançar na autonomia financeira. Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o tema está parada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ).
Essa medida deverá ficar nas mãos do futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, que já assume a chefia da autarquia interinamente a partir deste sábado, 21, e definitivamente em 1º de janeiro. O mandato de Campos Neto só termina em 31 de dezembro, mas o banqueiro central anunciou na quinta-feira que entrará em recesso.
Campos Neto ainda defendeu, na live, que o BC tenha um "olhar" para o quadro de funcionários e aprofundar a agenda de qualificação.
Entre as principais mudanças do seu mandato, Campos Neto também citou o ganho de reconhecimento da sociedade, devido à implementação de produtos como o Pix. Mencionou também a cultura de inovação no BC.
Mencionou, também, o Open Finance e o Drex, a agenda de tecnologia e inovação da autarquia.
Ampliar mercado e reduzir burocracia
O presidente do Banco Central disse ainda que uma das metas da sua gestão foi aprimorar e ampliar o mercado para torná-lo mais eficiente. Isso foi feito tanto por meio da eliminação de burocracias, como com estímulo de fintechs, instituições de pagamento e avanço nos meios de pagamento, afirmou.
"A gente pensou numa agenda de mercado de capitais que tivesse inclusão, competitividade e sustentabilidade", disse Campos Neto. "A gente olhou muito para o microcrédito, para a parte de modernização do câmbio, linhas de liquidez, toda a parte de transparência da instituição. E acho que o que foi mais importante foi o aprofundamento do mercado de capitais."
Campos Neto destacou que a inclusão de médias e grandes empresas no mercado de capitais libera o balanço dos bancos para o financiamento de micro e pequenas empresas. Destacou, também, que o estímulo feito pelo BC ao compartilhamento de dados diminui o custo do crédito, muito relacionado à assimetria de informação.
O banqueiro central também destacou que uma parte da agenda do BC passou por diminuir a concentração bancária, segmentando o fornecimento de serviços.