Macron chega a Mayotte, território mais pobre da França, destruído por ciclone tropical
O presidente francês, Emmanuel Macron, chegou na manhã desta quinta-feira (19) de manhã em Mayotte, cinco dias depois da passagem do ciclone Chido com ventos de até 220 quilômetros por hora, no arquipélago francês do oceano índico. Em Moçambique, o ciclone matou pelo menos 45 pessoas.
"Vamos nos levantar juntos", escreveu Macron no X ao chegar. E na língua local, shimaore, ele acrescentou: "Pouco a pouco vamos conseguir".
O governo decretou o bloqueio, por seis meses, dos preços da água engarrafada e dos produtos de primeira necessidade no arquipélago do Oceano Índico, onde um toque de recolher noturno foi implementado a partir de terça-feira à noite.
O avião presidencial levou carregamento de quatro toneladas de alimentos, produtos de limpeza e ajuda para os socorristas.
Depois de um voo de "reconhecimento do território afetado", Macron irá a um centro hospitalar, onde conversará com a equipe médica e pacientes.
Um balanço ainda provisório aponta 31 mortos e cerca de 1.400 feridos na tragédia, mas as autoridades temem um número de vítimas ainda maior no departamento mais pobre de França. Autoridades locais lançaram uma missão para encontrar mais vítimas.
É a "catástrofe natural mais grave da história da França em muitos séculos", declarou o primeiro-ministro François Bayrou sobre a passagem do ciclone Chido pelo arquipélago em 14 de dezembro.
Calamidade natural
O ministro demissionário dos Territórios Ultramarinos, François-Noël Buffet, anunciou a ativação do estado de calamidade natural para permitir uma gestão mais rápida e eficaz da crise e facilitar a implementação de medidas de emergência.
"Face a essa situação excepcional, medidas excepcionais devem ser tomadas para restaurar rapidamente os serviços essenciais e implementar um plano de reconstrução sustentável para Mayotte", disse o ministro Buffet
O estado de calamidade natural excepcional, ainda não foi utilizado, foi criado para atender às necessidades particulares dos territórios ultramarinos. Ele permite uma maior reatividade das autoridades locais e nacionais, ao mesmo tempo em que facilita certos procedimentos administrativos para permitir uma ação mais rápida e eficaz, explicou o ministério.
O estado de calamidade natural foi ativado por um período inicial de um mês e pode ser renovado por períodos de dois meses.
Moçambique devastado
Como Mayotte, o norte de Moçambique também foi devastado pelo ciclone Chido. Ao menos 45 pessoas morreram no país. O distrito de Mecufi, na província de Cabo Delgado, ficou irreconhecível.
Hélia Seda, gestora de projetos da ONG Helpo, disse à RFI que as habitações mais precárias, construídas com material local, são as mais afetadas. "As infraestruturas governamentais e privadas construídas com material convencional estão 100% destruídas, completamente sem teto, com exceção de duas escolas. E neste momento falta tudo. Os moçambicanos estão abandonados à própria sorte."