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Como é o iceberg gigantesco que se soltou e viaja à deriva no oceano

Giovanna Arruda

Colaboração para Ecoa

19/12/2024 05h30

Após passar décadas encalhado e um tempo girando em torno do mesmo ponto, o iceberg conhecido como A23a saiu da posição em que estava preso e está à deriva no Oceano Antártico.

Segundo os cientistas, o A23a deve seguir rumo ao norte, se fragmentar em icebergs menores e derreter por completo.

Como é o maior iceberg do mundo

O tamanho do A23a é uma de suas características mais impressionantes. O iceberg tem quase 4 mil quilômetros quadrados de extensão, segundo o NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos). Para efeito de comparação, a área territorial da cidade de São Paulo tem pouco mais de 1,5 mil quilômetros quadrados, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Além da extensão, o peso do A23a também é expressivo. Os cientistas do British Antarctic Survey (BAS), o conselho de pesquisa do ambiente natural britânico, estimam que o iceberg tem aproximadamente 1 trilhão de toneladas. Ainda segundo o BAS, o A23a é considerado, além de o maior, o mais antigo iceberg do mundo.

Imagens do maior iceberg do mundo, o A23a, feitas durante missão da British Antarctic Survey Imagem: Reprodução/YouTube/British Antarctic Survey

A dimensão do A23a faz com que o iceberg seja um dos principais pontos de atenção dos cientistas. O BAS é uma das instituições que acompanham o A23a, sua importância para o ecossistema local e os efeitos do aquecimento global nos árticos.

Segundo o BAS, os icebergs podem fornecer nutrientes às águas por onde passam. Uma eventual alteração nas águas causada pelo A23a pode, conforme o BAS, criar ecossistemas prósperos em áreas que, sem a passagem do iceberg, seriam menos produtivas. "O que não sabemos é quais diferenças determinados icebergs, as suas escalas e as suas origens podem fazer nesse processo", explicou a biogeoquímica Laura Taylor ao portal do conselho.

Há exatamente um ano [dezembro de 2023], investigadores a bordo do navio de investigação de última geração do British Antarctic Survey, o RRS Sir David Attenborough, observaram e estudaram o iceberg A23a enquanto estavam numa missão científica no Mar de Weddell para o projecto BIOPOLE. Os cientistas tiraram as primeiras fotos do iceberg em movimento enquanto observavam como os ecossistemas antárticos e o gelo marinho influenciam os ciclos oceânicos globais de carbono e nutrientes, coletando dados ao longo do vasto iceberg. BAS, em comunicado oficial à imprensa

O que aconteceu

O iceberg gigante se desprendeu da plataforma de gelo Filchner-Ronne em 1986. O A23a permaneceu no fundo do Mar de Weddell, na Antártida, por mais de 30 anos, antes de iniciar o trajeto rumo ao norte em 2020.

O iceberg A23a, visto em imagem captada por satélite da Agência Espacial Europeia Imagem: Reprodução/ESA

O A23a passou os últimos meses girando em torno de um mesmo ponto. O fenômeno, conhecido como coluna de Taylor, consiste em uma espécie de cilindro de água em rotação que se forma sobre montanhas submersas. O A23a, então, ficou "preso" no mesmo lugar, atrasando sua ida ao norte.

Os cientistas acreditam que o A23a continuará sua jornada no Oceano Antártico. O iceberg deve seguir a Corrente Circumpolar Antártica, que provavelmente o levará em direção à ilha subantártica da Geórgia do Sul.

Caso a previsão dos especialistas se concretize, o A23a encontrará águas mais quentes. Na ilha da Geórgia do Sul, o iceberg deverá se fragmentar em pedras de gelo menores e, por fim, derreter.

A trajetória e o impacto do desprendimento do A23a serão acompanhados pelos cientistas. Eventuais alterações no ecossistema local, como a presença de carbono no oceano, são detalhes que serão analisados pelos especialistas em torno da presença do iceberg.

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