Muitas pessoas têm receio de ter na garagem um carro que já tenha saído de linha. Claro que, em alguns casos, realmente é uma cilada. Marcas inexpressivas ou modelos que tiveram passagens curtas pelo Brasil devem ser evitados. Mas no geral várias opções podem ser consideradas, com a vantagem de terem preços ainda mais baixos.
Todo fim de ano apresentamos os modelos que saíram de linha, mas como estou sempre atento aos usados, resolvi voltar cinco anos para relembrar aqueles que nos deixaram em 2019, analisar como se comportam hoje no mercado e comentar se ainda valem a pena.
Ford Fiesta
Ao longo de 24 anos, o Fiesta foi uma opção de veículo de entrada da Ford no Brasil. Começou importado, mas logo foi nacionalizado e se tornou competitivo na categoria mais importante do nosso mercado.
Apesar de o Fiesta estar entre os 10 usados mais comercializados no país, é fato que não é dos mais procurados. Esse número de negociações é alto devido à enorme quantidade no mercado de usados, principalmente dos modelos mais baratos conhecidos como "Rocam", em alusão ao motor com comando de válvulas roletado. Fáceis e baratos de manter, continuam como boa opção entre os mais baratos.
O mesmo não podemos dizer da última geração, que tinha tudo para ser a referência do segmento, já que tinha desenho moderno e farta lista de equipamentos de conforto e segurança. Porém, sua imagem ficou comprometida com os recorrentes problemas do câmbio automatizado Powershift. Hoje, estes Fiestas sofrem com revenda no mercado, tamanho o desinteresse por ele.
Para valer a pena, indico somente os manuais, que são menos rejeitados. A vantagem está no preço, já que um Fiesta 1.6 manual 2019 vale cerca de R$ 53 mil na tabela Fipe, mesmo valor que se paga em um Hyundai HB20 do mesmo ano, mas com motor 1.0.
Volkswagen Golf
Sempre que tenho contato com um Golf usado da última geração, volto a me impressionar com a qualidade construtiva do modelo, principalmente se compararmos com os Volkswagens atuais.
O Golf era muito caprichado até mesmo na configuração mais simples de sua versão de entrada. Sendo assim, ainda considero uma excelente opção no mercado, mas é preciso ter cuidado na hora de procurar um usado.
Praticamente todos dessa última geração foram equipados com turbo e injeção direta, nos motores 1.0, 1.4 e 2.0. Motores complexos como esses exigem cuidados extras com as manutenções, algo que nem sempre acontece com os usados. Com o passar dos anos, esses Golfs turbos podem ser catastróficos para o bolso de seus donos.
A exceção é a versão Comfortline de 2016, único ano em que o Golf foi equipado com motor 1.6 de aspiração natural. Foi considerado um mico quando novo, mas hoje vejo como uma joia no mercado de usados justamente por ser fácil de ser mantido e ter opções com câmbio manual ou automático.
Falando em câmbio, esse é outro ponto que o Golf pede atenção. É bom evitar as versões com motor 1.4 equipadas com o problemático câmbio automatizado, disponível até 2015.
Já a versão GTI continua muito desejada e cara. A tabela Fipe do modelo 2019 ultrapassa os R$ 200 mil, valor cerca de R$ 50 mil acima do que custava quando novo. Esse é um indicativo que a versão continua sendo um clássico dos amantes de Volkswagens.
Ford Focus
Outro Ford que saiu de linha em 2019 foi o Focus. Assim como o Fiesta, também sofreu com os problemas do câmbio Powershift e sente o resultado disso no mercado de usados. No caso do Focus, ainda tem o agravante de ter manutenção bem mais onerosa, afastando ainda mais compradores.
As vantagens do modelo estão no preço e na farta lista de equipamentos. Por exemplo, a versão Titanium na carroceria sedã do modelo 2019 tem tabela Fipe de apenas R$ 72 mil. Um Toyota Corolla do mesmo ano é vendido acima de R$ 108 mil na versão Altis, diferença de R$ 36 mil para carros da mesma categoria. Como se não bastasse, o Ford é mais potente e equipado.
Sendo assim, parece muito mais vantajoso o Focus, mas a realidade é que ele é barato justamente devido ao baixo interesse por ele. Tenho recomendado o modelo cada vez menos e, passados cinco anos que nos deixou, parece que vai se manter restrito apenas aos que não se importam em ter um carro com liquidez baixa.
Peugeot 308 e 408
A dupla de médios da Peugeot saiu de linha e quase ninguém percebeu. Ambos nunca foram campeões de vendas e vinham com vendas baixíssimas em seus últimos anos.
Equipados com motor 1.6 turbo, agradam os que gostam de desempenho, além de ofertarem bons equipamentos de conforto e segurança. Como são baratos no mercado de usados, tem atraído olhares para eles.
Um 408 Bussines 2019 tem tabela Fipe de apenas R$ 52 mil, valor que não se compra absolutamente nada parecido do mesmo ano. Para se ter uma ideia de como é barato, quem preferir um Corolla por esse mesmo preço vai ter que optar por um modelo 2011, ou seja, oito anos mais antigo.
Curiosamente, o 308 é cerca de R$ 10 mil mais caro. Se considerarmos que são carros equivalentes, diferenciados apenas por suas carrocerias, o 308 é menos interessante que o 408.
Mas é preciso cautela na compra desses modelos da Peugeot. Esse motor THP, assim como qualquer outro turbo, é complexo e caro de ser mantido. Só recomendo para quem tem condições de manter, pois se esse não for o caso, é melhor deixar de lado a tentação do motor potente e partir para algo mais simples nessa faixa de preço.
Volkswagen Spacefox
Uma das últimas peruas do nosso mercado, a Spacefox é um bom exemplo de excelente opção no mercado de usados, mesmo depois de ter saído de linha há cinco anos.
Como compartilhava mecânica com outros Volkswagens de entrada, como Gol e Polo, é muito simples e barato manter uma Spacefox, algo que o mercado de usados valoriza bastante. Somado a isso, ainda temos uma carroceria espaçosa para passageiros e bagagem, além de boa lista de equipamentos.
Em seu último ano, foi equipada somente com o motor 1.6 8v, e vale cerca de R$ 52 mil de acordo com a tabela Fipe. Quanto ao câmbio, melhor evitar o i-motion, que é um automatizado de uma embreagem, e considerar apenas as opções manuais.
Mas a melhor opção, sem dúvidas, é da versão Highline 2018, que tinha motor 1.6 16v e câmbio manual de seis marchas, conjunto que deixava o desempenho e consumo com números excelentes.
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