Banco da Inglaterra mantém as taxas estáveis e a divisão de políticas se amplia
(Retira letra a mais no título)
Por David Milliken e Suban Abdulla
LONDRES (Reuters) - O Banco da Inglaterra deixou sua principal taxa de juros inalterada em 4,75% nesta quinta-feira, mas as autoridades ficaram mais divididas sobre a necessidade de cortes para enfrentar uma economia em desaceleração.
Três dos nove membros do Comitê de Política Monetária do banco central britânico - o vice-presidente Dave Ramsden e os membros Swati Dhingra e Alan Taylor - votaram por um corte de 0,25 ponto percentual na taxa, para 4,5%.
Economistas consultados pela Reuters esperavam que apenas um membro do comitê votasse a favor de corte.
No entanto, o presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, disse que o banco central precisa manter sua "abordagem gradual" existente para reduzir os juros.
"Com o aumento da incerteza na economia, não podemos nos comprometer com quando ou em quanto reduziremos os juros no próximo ano", disse ele.
Na semana passada, economistas consultados pela Reuters previram que o Banco da Inglaterra cortaria os juros quatro vezes no próximo ano, mas os mercados financeiros reduziram drasticamente suas expectativas em resposta ao crescimento mais rápido do que o esperado dos salários e só veem até dois cortes.
O banco central britânico tem se mostrado menos disposto a cortar a taxa de juros do que o Federal Reserve ou o Banco Central Europeu, reduzindo as taxas em apenas 0,5 ponto percentual este ano.
Dados oficiais de quarta-feira mostraram que a inflação dos preços ao consumidor britânico subiu para 2,6% em novembro - a mais alta do G7 por uma pequena margem, e um pouco mais elevada do que o próprio Banco da Inglaterra havia previsto no mês passado.
"Espera-se que a inflação continue a subir ligeiramente no curto prazo", disse o banco central.
Entretanto, o banco central também reduziu sua previsão de crescimento para o último trimestre deste ano para zero, em comparação com a previsão de 0,3% feita há apenas seis semanas.
A economia britânica contraiu em setembro e outubro - a primeira queda mensal consecutiva na produção desde 2020 - de acordo com dados oficiais da semana passada e a confiança empresarial caiu desde que a ministra das Finanças, Rachel Reeves, anunciou um aumento de impostos de 25 bilhões de libras para os empregadores em seu orçamento de 30 de outubro.
Os membros do Comitê de Política Monetária que defenderam a manutenção dos juros disseram que continua "particularmente incerto" se esses custos mais altos serão repassados aos consumidores por meio de preços mais elevados ou se levarão à perda de empregos e a um crescimento mais lento dos salários.
"Os acontecimentos recentes reforçaram o argumento a favor de uma abordagem gradual para a retirada da restrição da política monetária, evitando qualquer compromisso de mudar a política em uma reunião específica", disseram eles.
Os três membros que votaram a favor do corte disseram que uma postura "muito restritiva" poderia levar a inflação para um nível muito abaixo da meta de 2% no médio prazo e criar uma quantidade excessivamente grande de capacidade ociosa na economia.