Aguirre: Novo advogado de Braga Netto entende que delação é meio de defesa
O advogado criminalista José Luís de Oliveira Lima, que assumiu a defesa do general Walter Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato a vice de Jair Bolsonaro (PL), considera a delação como um meio de defesa, embora ainda não haja nenhuma negociação nesse sentido, afirmou o colunista Aguirre Talento, no UOL News, do Canal UOL, nesta quarta-feira (18).
Ele é um advogado que entende que colaboração é, sim, um meio de defesa, mas a apuração que tenho neste momento é que não há uma intenção de discutir acordos de delação. Aguirre Talento, colunista do UOL
Braga Netto foi preso no último sábado (14) sob alegação de obstruir a Justiça. O general é suspeito de coordenar a tentativa de golpe no fim do governo de Bolsonaro, em 2023. Três dias depois de sua prisão, a família do militar então decidiu trocar o seu advogado por um criminalista que já atuou em defesa do petista José Dirceu, ex-ministro no governo Lula. Lima apresentou uma petição ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo acesso aos autos e juntando a procuração assinada pelo general.
Ao Canal UOL, Aguirre analisou o caso e disse achar difícil uma delação de Braga Netto ser aceita pelas autoridades, mesmo que o general aceite falar.
Eu até, analisando o cenário todo, acho difícil uma delação do Braga Netto ser aceita até mesmo pelas autoridades, porque ele é colocado [nas investigações] como um dos líderes do golpe. Então, basicamente, estariam nas posições de comando o ex-presidente Bolsonaro e o general Braga Netto como os dois personagens protagonistas. Então, em tese, eles só teriam tempo para delatar Bolsonaro, que está acima dele. E, mesmo assim, tem até aqueles documentos que colocavam Braga Netto como o chefe de um gabinete de crime.
Mas é claro que até mesmo se ele fizer uma confissão de determinados fatos, ele ganha atenuante de pena, ele pode conseguir ser solto mais facilmente, porque o judiciário pode achar que ele está colaborando. Entregar informações aos investigadores sempre pode ser benéfico para aquele investigador que está cegado.
Mas, neste momento, a defesa tá tentando ainda entender o que é que tem, quais são os elementos e ver quais caminhos irá adotar.
Aguirre Talento, colunista do UOL
PF na cola de bolsonaristas
Em novembro, a PF (Polícia Federal) indiciou Bolsonaro e mais 36 pessoas no inquérito que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O ex-presidente é suspeito dos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de Direito e organização criminosa.
No sábado (14), o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e ex-candidato a vice de Bolsonaro, foi preso em sua casa, em Copacabana, zona sul do Rio, sob a acusação de obstrução da Justiça. Ele é suspeito de ter coordenado o grupo que planejou a intervenção militar.
PF investiga duas linhas de frente sobre tentativa golpe
- A primeira foca na participação de militantes extremistas, apoiadores e financiadores dos ataques aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023.
- A segunda linha de apuração mira políticos e aliados do ex-presidente Bolsonaro. Até o momento, os trabalhos resultaram na prisão de ex-assessores do ex-presidente, além de integrantes das Forças Armadas.
Antes da prisão de tenente-coronel Mauro Cid e de Braga Netto, outro general do Exército, três membros das Forças Especiais —conhecidos como "kids pretos"— e um policial federal foram detidos em novembro, sob a acusação de planejarem um golpe para impedir a posse de Lula e restringir o funcionamento do Poder Judiciário.
A operação que levou a essas prisões recebeu o nome de Operação Contragolpe e revelou o plano Punhal Verde e Amarelo, que previa assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
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