OMC não tem acordo sobre sistema de disputas antes da posse de Trump, diz embaixadora dos EUA
Por David Lawder
WASHINGTON (Reuters) - Os membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) não conseguiram chegar a um acordo sobre reformas para reativar um sistema de solução de disputa comerciais durante a última reunião do Conselho Geral antes da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, em janeiro, disse Maria Pagan, embaixadora norte-americana no órgão.
A OMC vem tentando há anos consertar seu sistema de solução de disputas, que se tornou inoperante em 2019 depois que os EUA bloquearam as nomeações de juízes do Órgão de Apelação por conta do que consideravam um exagero judicial em disputas comerciais. As negociações, retomadas no início deste ano, tinham como objetivo substituir e reformar o órgão de apelação.
Pagan, que liderou as negociações na OMC para o Escritório do Representante Comercial dos EUA durante o governo de Joe Biden, disse que houve algum progresso, mas os membros permaneceram divididos sobre a questão fundamental de "que tipo de recurso é necessário e apropriado".
Durante três governos dos EUA, começando com o do presidente Barack Obama, Washington acusou o Órgão de Apelação da OMC de ultrapassar seus limites, criando novas regras comerciais em suas decisões que não foram negociadas pelos 166 membros da OMC.
"Acho que alguns membros ainda estão esperando que mudássemos de ideia, o que não aconteceu", disse Pagan a jornalistas em um briefing.
Ela disse que os EUA estão dispostos a explorar muitas ideias boas, mas que continuarão defendendo aquilo em que acreditam.
"Espero que as pessoas levem isso a sério", acrescentou. "Se quiserem que façamos parte do sistema, então nos levem a sério.
Pagan, advogada de longa data do Departamento de Comércio, disse que não teve nenhum contato com a equipe de transição de Trump e se recusou a comentar quando perguntada se tinha algum conselho para o indicado de Trump para representante comercial dos EUA, Jamieson Greer.
Trump, que assumirá o cargo em 20 de janeiro, prometeu impor tarifas de 60% sobre os produtos chineses e de pelo menos 10% sobre todas as outras importações globais, medidas que alterariam os fluxos comerciais, aumentariam os custos para as empresas e os consumidores dos EUA e provocariam uma retaliação generalizada contra as exportações norte-americanas.
A próxima reunião do Conselho Geral da OMC está marcada para 18 e 19 de fevereiro.