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É falso que Musk ameaçou tirar apoio se lutadora não devolver medalha

18.dez.2024 - Musk não ameaçou retirar patrocínio se boxeadora não devolver ouro olímpico - Arte/UOL Confere sobre reprodução/Threads
18.dez.2024 - Musk não ameaçou retirar patrocínio se boxeadora não devolver ouro olímpico Imagem: Arte/UOL Confere sobre reprodução/Threads
do UOL

Ricardo Espina

Colaboração para o UOL

18/12/2024 18h19

Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), não ameaçou retirar o patrocínio à WBO (Organização Mundial de Boxe, na sigla em inglês) caso a lutadora argelina Imane Khelif não devolva a medalha de ouro que ganhou nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 e uma suposta premiação de US$ 25 milhões, como insinuam posts compartilhados nas redes sociais.

Embora Musk tenha compartilhado uma postagem contrária à atleta, liberada para participar das Olimpíadas, não há qualquer menção oficial sobre uma possível represália do empresário à WBO ou a existência de qualquer patrocínio dele à entidade.

O que diz o post

"Elon Musk Ameaça Retirar Seu Apoio Aos Programas Wbo Se Imane Khelif Não For Destituída De Sua Medalha E De Seu Prêmio De Us$ 25 Milhões", diz o texto da publicação enganosa.

Abaixo, há uma foto de Imane chorando, uma de Thomas Bach, presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), com feição de surpresa e uma de Musk com os braços estendidos e as palmas da mão para cima, como se estivesse se eximindo de culpa por algo.

Por que é falso

Não há qualquer menção sobre Musk patrocinar WBO. Em uma busca tanto nos perfis de Musk (aqui) como no da WBO (aqui) no X, não existe qualquer referência sobre a suposta ameaça do empresário. Da mesma forma, em uma pesquisa no Google tanto com termos em inglês (aqui) como em português (aqui), os resultados apontam para publicações desinformativas ou checagens que as desmentem. Não há qualquer evidência de que Musk patrocine a entidade ou apoie algum programa desenvolvido por ela. Procurada, a WBO não respondeu as perguntas da reportagem.

Musk compartilhou crítica a Imane Khelif. Durante as Olimpíadas, o empresário compartilhou uma postagem da nadadora Riley Gaines, conhecida por sua postura contrária à participação de mulheres trans nos esportes femininos. Ela postou uma foto da boxeadora italiana Angela Carini, uma das derrotadas por Imane nos Jogos Olímpicos, com o seguinte texto: "Homens não pertencem aos esportes femininos". Ao retuitar a publicação, Musk concordou: "Absolutamente" (aqui e abaixo, em inglês). Vale destacar que o COI afirmou que o caso de Khelif não é de uma pessoa transgênero.

Boxeadora argelina entrou com processo contra Musk. Khelif acusou tanto Musk como a escritora J.K. Rowling, autora da série de livros de Harry Potter, por cyberbullying. O processo tem como base comentários depreciativos feitos por ambos nas redes sociais (aqui).

Khelif se tornou alvo de críticas nas Olimpíadas. Em sua primeira luta em Paris-2024, a atleta argelina precisou de apenas 46 segundos para vencer Angela Carini, que desistiu do combate após levar um golpe no nariz (aqui). A rapidez do duelo levantou uma discussão sobre o gênero de Khelif (aqui).

COI confirmou que argelina estava apta para disputar Olimpíadas. Em comunicado oficial (aqui, em inglês), o COI informou que Khelif preenchia todos os requisitos necessários para disputar os Jogos Olímpicos de Paris-2024, como estabelecido pela unidade de boxe da entidade (aqui, em inglês): "Todos têm direito de praticar esporte sem discriminação. (...) Assim como nas competições olímpicas de boxe anteriores, o gênero e a idade dos atletas são baseados em seus passaportes".

Khelif foi reprovada em "teste de gênero". A AIB (Associação Internacional de Boxe) desclassificou a atleta argelina do Mundial de Boxe após ela não ser aprovada em um "teste de gênero" aplicado pela entidade. A taiwanesa Lin Yu-Ting também foi reprovada pela AIB - posteriormente, ela participou de Paris-2024. A associação informou que os exames "foram realizados em um laboratório independente" (aqui), mas sem especificar quais seriam esses testes. O COI considerou a decisão da AIB como "repentina", "arbitrária" e feita "sem o devido processo".

COI não reconhece a AIB desde 2023. Em 2019, o COI suspendeu a associação e deixou de reconhecê-la em 2023 devido a falhas recorrentes referentes à integridade e à transparência, com acusações de manipulação de resultados e corrupção (aqui).

Atleta argelina conquistou medalha de ouro em Paris-2024. Imane Khelif venceu a chinesa Tang Liu e ganhou o ouro na categoria até 66kg (aqui).

Viralização. Até a tarde desta segunda (16), uma postagem no Facebook tinha mais de 6.500 interações.

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