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Migrantes venezuelanos no Peru se preparam para passar o Natal à distância, em meio à instabilidade

18/12/2024 17h17

Mais de um milhão e meio de venezuelanos vive atualmente no Peru, um dos principais países de acolhimento destes refugiados, que saíram da Venezuela após a crise de 2012 e tentam ajudar seus compatriotas. Mas desde a Covid-19 e com a instabilidade política latente no país, a situação destes migrantes se deteriora.

 

Martin Chabal, correspondente da RFI em Lima

Nesta quarta-feira (18), se celebra o Dia Internacional dos Migrantes. A Venezuela está entre os países que mais viram sua população migrar nos últimos anos. Quase 8 milhões de pessoas saíram do país devido à difícil situação econômica, à crise política e à falta de segurança. 

No 6º andar do prédio num bairro nobre de Lima, num pequeno escritório, uma gigantesca bandeira venezuelana foi colocada ao lado de uma do Peru. Nuris Morin é venezuelana. Ela chegou há 6 anos ao Peru e é vice-presidente da VeneActiva, ONG que ajuda venezuelanos exilados, principalmente com procedimentos administrativos.

"Fundamos a VeneActiva com três linhas claras. A primeira é para proteção, regularização da situação no país e proteção perante a lei e para a saúde. A segunda é para a integração socio-econômica e cultural. E, finalmente, a última é a participação na vida do país como cidadão pleno", explica. "Ser capaz de participar na democracia durante as eleições e escolher líderes, tanto locais como nacionais", diz.

A situação no Peru se complicou após a pandemia de Covid-19 e a instabilidade política no país. A VeneActiva tenta substituir as políticas públicas para os refugiados venezuelanos e apoia aqueles que precisam. 

"A VeneActiva nos apoia muito para conseguirmos legalizar nossos diplomas universitários, por exemplo", detalha Maria Andrinas, uma venezuelana de 27 anos, chega ao escritório da ONG para iniciar o processo de obtenção de seu diploma. "Espero que funcione para que minha vida melhore e eu possa mostrar o que sei para o Peru", completa. 

Mesmo depois de 6 anos no país, a situação desta professora de educação infantil não é fácil. Ela espera finalmente poder trabalhar, depois de alguns anos complicados.

"Comecei aqui com pequenos trabalhos informais. Fui primeiro garçonete, depois ajudante de cozinha e também ajudante de casa, mas espero agora ter a oportunidade de ser professora", diz.

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Natal à distância

A precariedade e o sentimento de distanciamento do país pesam ainda mais quando chegam as festas de fim de ano. Algumas associações inovam para tentar melhorar o ânimo dos refugiados. Em cooperação com a Organização Internacional para as Migrações da ONU (OIM), um dos teatros de Lima organiza um concerto de Natal com canções peruanas e venezuelanas.

"Me senti em casa", desabafa José Verdu, que assistiu ao concerto com um grande sorriso do início ao fim. "Este tipo de música é realmente o que nos define, o que nos une. E esse ritmo traz tantas lembranças. Nem consigo explicar o sentimento que tenho com essa música", diz. Durante duas horas as músicas e os ritmos animaram o público que até se levantou para dançar e bater palmas.

José, que esteve ao telefone com a tia durante parte do concerto, diz que o período do Natal continua a ser um momento difícil. "Sinto muita falta dela. Ela é uma das minhas tias mais próximas. E com a distância surge inevitavelmente um pouco de melancolia", lamenta o venezuelano. "Ela disse: fiz o peru, cozinhei o frango, comi uma fruta e ficamos juntos. Compartilhar tudo isso à distância cria um vazio, não é a mesma coisa", diz.

A OIM considera esse concerto tradicional um momento essencial para o bem-estar dos migrantes no país anfitrião. "Acredito que uma das nossas missões é construir pontes. Vai além da ajuda humanitária imediata e tem uma visão mais ampla, com coisas duradouras e fortes. Isto é a prova de que funciona, de que precisamos de cultura, de arte e destas emoções", diz Leslie Leon, gerente de comunicações da organização no Peru. 

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