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Mayotte enfrenta fome e falta de produtos básicos após ciclone; Macron visitará arquipélago

18/12/2024 05h18

Árvores arrancadas, comunidades inteiras destruídas, cortes de eletricidade, desabastecimento de produtos básicos. Esse é o cenário que o presidente francês, Emmanuel Macron, deverá encontrar em sua visita a Mayotte, prevista para esta quinta-feira (19). Na noite desta quarta-feira (18), as autoridades decretaram o toque de recolher para evitar saques.

O território ultramarino foi destruído pela passagem do ciclone Chido, neste sábado (14). De acordo com uma reportagem publicada nesta terça-feira (18) pelo jornal Le Figaro, um dos maiores desafios é a contagem de mortos.

De acordo com um balanço provisório, a catástrofe teria deixado 22 mortos e 1.373 feridos, segundo dados divulgados pelo Ministério do Interior, nesta terça-feira (17).

O balanço é difícil de ser estabelecido porque em muitas favelas atingidas pelo ciclone as pessoas viviam de forma precária.

A identificação dos corpos é uma das prioridades, assim como combater o risco de epidemias, especialmente o retorno da cólera.  Entre março e julho, a doença atingiu 200 moradores da ilha, provocando cinco mortes. 

O jornal Libération destaca a falta de alimentos em Mayotte após a catástrofe. "Muitos dormem com fome". Desde a passagem do ciclone, "os moradores tentam encontrar comida". Uma família de sobreviventes tem "apenas uma lata de salchichas" e "a higiene é ainda mais complicada", descreve a reportagem.

"Como as pessoas vão sobreviver?"

"Como 320.000 pessoas irão sobreviver?" pergunta Julien Bousac, coordenador da ONG Médicos do Mundo. "Quanto mais o tempo passa, mais a falta de água e a tensão para encontrar alimentos irão se acentuar", alerta.

Ele também descreve como o corte da eletricidade dificulta a comunicação e a coordenação das operações de resgate. Até o momento, "80% da rede de telefonia continua indisponível". As ruas começam a ser desobstruídas, mas falta combustível para os deslocamentos. 

O jornal Le Monde traz uma reportagem em Kawéni, "a maior favela da França onde viviam 20.000 pessoas e praticamente nada restou, além de colinas arrasadas".

De acordo com as autoridades, apenas 5.000 moradores conseguiram procurar abrigo antes da passagem do ciclone. Outros não foram informados do risco ou não saíram por medo de serem expulsos - em todo o departamento de Mayotte, 100.000 pessoas, entre os 320.000 habitantes oficialmente cadastrados, estão em situação irregular.

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