A Marinha criou um embaraço após divulgar um vídeo polêmico, mas gerou um desconforto ainda maior ao remover tardiamente o conteúdo de suas redes sociais, analisou o colunista Josias de Souza no UOL News desta quarta (18).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Defesa José Múcio Monteiro fizeram queixas diretas sobre o material. O vídeo havia sido produzido como uma homenagem ao Dia do Marinheiro, mas foi interpretado como uma crítica velada ao pacote de corte de gastos anunciado pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad, que altera a previdência dos militares.
Sem dúvida o estrago já foi feito. A remoção desse vídeo da Marinha avilta mais do que a própria divulgação. A remoção foi tardia. O governo reage de forma analógica a um vídeo que viralizou nas redes sociais. A Marinha demorou duas semanas para tirar das redes sociais uma peça despropositada, ofensiva. O governo reconhece o erro, mas não pune ninguém.
A remoção tardia também é aviltante porque já surtiu os efeitos desejados. O projeto de lei que inclui os militares no pacote de corte de despesas foi enviado agora, também com atraso. Não será incluído no conjunto de votações previstas para esse ano. Os militares ganharam um tempo maior para operar nos subterrâneos para tentar sair desse corte de gastos. Josias de Souza, colunista do UOL
Josias criticou a falta de punição aos responsáveis pelo vídeo da Marinha e reforçou que o conteúdo da peça ofende a todos os cidadãos brasileiros.
Tudo é meio aviltante nisso: não se pune ninguém, reage-se tardiamente e, na prática, o objetivo dos militares, que era se esquivar da tesoura de Haddad, vai sendo materializado. Já não será votado nesse ano e houve uma flexibilização das regras de transição para essa migração dos militares do 'mundo maravilhoso' para o 'mundo dos terrenos'.
Não punir ninguém é esquisito. É preciso lembrar que esse vídeo da Marinha é uma propaganda oficial que ofende os patrocinadores, que somos todos nós, os contribuintes brasileiros. Obviamente, é um vídeo ofensivo; é um tapa na cara do brasileiro que financia as atividades das Forças Armadas e os salários dos militares.
Isso não deveria ter sido divulgado. Tendo sido, deveria ser removido na primeira hora e com a punição do responsável. Não houve nada disso. Josias de Souza, colunista do UOL
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