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Dinamarca rejeita extradição de Paul Watson e ecologista é libertado após cinco meses de prisão

17/12/2024 11h53

O governo dinamarquês decidiu, nesta terça-feira (17), rejeitar o pedido de extradição do militante ecologista e defensor das baleias Paul Watson, que havia sido solicitado pelo Japão. A decisão é considerada uma vitória para os defensores do meio ambiente.

"Ele está livre, o Ministério da Justiça nos informou que rejeitou o pedido de extradição", afirmou a advogada de Watson, Julie Stage, acrescentando que ele poderia deixar a prisão de Nuuk, na Groenlândia, onde estava detido provisoriamente há quase cinco meses.

As autoridades japonesas acusavam Paul Watson, de 74 anos, de ser corresponsável por danos e lesões a bordo de um navio baleeiro japonês em 2010, durante uma campanha da organização Sea Shepherd.

Watson, que tem dupla cidadania americana e canadense, foi preso em Nuuk no dia 21 de julho, após o Japão reavivar um pedido de extradição feito em 2012 por meio de um alerta vermelho da Interpol. Na ocasião, ele estava a bordo de seu navio, o John Paul DeJoria, a caminho de interceptar outro navio baleeiro japonês.

Rejeição baseada em questões legais

O governo dinamarquês justificou sua decisão com base na "duração total da detenção de Paul Franklin Watson após sua prisão em 21 de julho de 2024 até que uma eventual decisão de extradição possa ser executada", além do fato de que os atos pelos quais a extradição foi solicitada remontam a mais de 14 anos e sobre a natureza desses atos. A decisão foi consultada pela AFP.

Em reação, o advogado François Zimeray afirmou à AFP: "O Japão tentou silenciar um homem cujo único crime foi denunciar a ilegalidade do massacre industrial disfarçado de pesquisa científica." Zimeray também expressou confiança de que Paul Watson "vai poder retomar sua luta pelo respeito à natureza, que também é uma luta pela humanidade e pela justiça". Ele se disse "orgulhoso de ter liderado, ao lado de seus familiares, essa batalha judicial e política".

O "combate" ainda não acabou

No entanto, para outro advogado de Watson, o "combate ainda não terminou". Jean Tamalet, do escritório King & Spalding, afirmou à AFP: "Agora teremos que atacar o alerta vermelho e o mandado de prisão japonês, para garantir que o Capitão Paul Watson possa viajar por todo o mundo com tranquilidade e nunca mais passe por um episódio como este".

A detenção de Paul Watson gerou uma onda de solidariedade na França, onde as autoridades pediram ao governo dinamarquês que não o extraditasse. Defensores do meio ambiente também se manifestaram a favor de Watson. A ministra francesa da Transição Ecológica, Agnès Pannier-Runacher, comemorou a libertação de Watson nas redes sociais. "Que alívio! Saúdo a libertação de Paul Watson, após 149 dias de detenção na Dinamarca. Bom retorno para ele entre os seus. A mobilização coletiva valeu a pena", escreveu ela no X (antigo Twitter).

Críticas ao sistema judiciário japonês

Os defensores de Watson também criticaram a natureza das acusações, que consideravam infundadas, além de denunciarem a falibilidade do sistema judiciário japonês. François Zimeray afirmou que, no Japão, "existe uma presunção de culpabilidade". "Os promotores se orgulham de anunciar que têm uma taxa de condenação de 99,6%", lamentou ele.

Porém, o governo dinamarquês se distanciou dessas críticas. O ministro da Justiça dinamarquês, Peter Hummelgaard, afirmou em um comunicado que "essa decisão não significa que a Dinamarca compartilhe as preocupações expressas em alguns círculos sobre o sistema judiciário japonês e a proteção dos direitos humanos no Japão, no contexto deste caso específico". Hummelgaard ressaltou ainda que "o Japão é uma sociedade democrática regida pelo Estado de Direito e respeita os direitos humanos fundamentais".

(com AFP)

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