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'Chupeta' explosiva: acidente mostra riscos ao ressuscitar bateria do carro

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Imagem: Reprodução
do UOL

Wandick Donett

Colaboração para o UOL

17/12/2024 12h00

Ficar sem bateria no carro é uma situação complicada para qualquer motorista, mas a busca por alternativas para a recarga pode terminar em acidentes graves. Um vídeo que viralizou nas redes sociais mostra um motorista de Goiânia (GO) ligando diretamente seu veículo em um poste de energia elétrica, o que ocasionou em uma explosão.

O incidente foi capturado por câmeras de segurança na última quarta-feira (11). Nas imagens, é possível ver o momento em que o motorista levanta o capô do veículo e tenta realizar a ligação direta usando a energia do poste. O resultado foi uma explosão que projetou o homem para trás e deixou o poste em chamas.

Apesar do impacto, o motorista sofreu apenas ferimentos leves e não precisou de atendimento médico, conforme relataram as testemunhas à TV Anhanguera. Os bombeiros não foram acionados para a ocorrência, pois os próprios pedestres que passavam pelo local ajudaram a conter as chamas até a chegada da equipe da companhia elétrica para restabelecer a energia no setor.

Conhecida como 'chupeta', a ligação direta para recarga da bateria é um procedimento bastante comum, normalmente ligando um veículo a outro. É feita conectando cabos de ligação entre os polos das baterias de ambos os veículos, permitindo a transferência de energia.

A tentativa de fazer a ligação usando a energia do poste revela uma grave falta de conhecimento sobre as diferenças entre as fontes de energia automotiva e residencial. Especialistas recomendam que, em situações em que o carro precisa deste recurso, o procedimento deve ser feito apenas entre dois veículos com baterias compatíveis.

"É preciso entender que são fontes de energia diferentes. A automotiva é corrente contínua, de baixa tensão e alta amperagem, enquanto a energia fornecida pelas companhias de energia elétrica é corrente alternada, de alta tensão e baixa corrente. Ao tentar realizar a transferência de carga, o motorista fechou um curto-circuito, resultando na explosão. Explodiu porque a bateria tem solução ácida interna, gera vapores explosivos", explica Leandro Marco, consultor da Delphi General Tech Automotive Diagnostic.

Ailto Sola, engenheiro de Aplicações da Clarios Heliar, reforça que os níveis e modos de tensão entre o veículo e a rede elétrica são completamente incompatíveis. "O veículo funciona em 12 VDC (tensão contínua) e a rede elétrica na faixa de 127 / 220 VAC (tensão alternada), sendo 10 a 18 vezes superior ao nível de tensão de operação no veículo. A explosão danificou componentes da rede elétrica e, provavelmente, muitos componentes elétricos do veículo também foram afetados".

Já Hugo Feitosa, gerente técnico da Mecanizou, alerta sobre os riscos da manipulação inadequada das baterias: "Usar a bateria incorretamente pode inativar sistemas de segurança e danificar componentes importantes. E se for nos veículos elétricos, o risco é ainda maior, e é sempre recomendado buscar a assistência de um especialista".

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