Agência de refugiados da ONU prevê que 1 milhão de sírios retornem em seis meses
Por Emma Farge
GENEBRA (Reuters) - Uma autoridade da agência de refugiados da ONU disse na terça-feira que cerca de 1 milhão de refugiados sírios devem retornar ao país nos primeiros seis meses de 2025, pedindo aos Estados que se abstenham de forçá-los a fazer isso.
Um avanço rebelde relâmpago tirou o presidente da Síria, Bashar al-Assad, do poder este mês, chocando o mundo e aumentando a perspectiva de que alguns dos milhões de pessoas que fugiram do país durante 13 anos de guerra civil possam retornar.
"Agora, prevemos ver algo em torno de 1 milhão de sírios retornando entre janeiro e junho do próximo ano e, por isso, compartilhamos esse plano com os doadores, pedindo seu apoio", disse Rema Jamous Imseis, diretora do Acnur para o Oriente Médio e Norte da África.
"Temos enormes necessidades humanitárias em uma escala que não diminuiu de forma alguma", acrescentou ela, observando que 1 milhão de pessoas foram deslocadas internamente desde o início do avanço rebelde.
Imediatamente após a tomada do poder pelos rebeldes, milhares de pessoas fugiram da Síria, enquanto milhares também retornaram ao país, principalmente da Turquia, Líbano e Jordânia, disse Imseis.
Ela acrescentou que alguns dos que fugiram poderiam estar ligados ao antigo governo ou ser minorias religiosas preocupadas com sua posição sob as novas autoridades, lideradas pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que já teve ligações com a Al-Qaeda.
Os países devem ser pacientes enquanto os refugiados sírios consideram a possibilidade de retornar, acrescentou ela. "É importante manter essa proteção para os sírios que já encontraram refúgio nos países anfitriões e que eles não sejam devolvidos à força para a Síria", declarou ela.
Perguntada sobre as decisões de alguns países de congelar os pedidos de asilo para os sírios, ela disse: "Temos sido muito claros no aconselhamento de não devolução a todos os países. Ainda é muito cedo para determinar a segurança e a estabilidade da Síria, e há muitas perguntas que precisam ser respondidas".