UE discutirá com novas autoridades sírias a redução da influência russa
A União Europeia (UE) pretende discutir com as novas autoridades da Síria suas preocupações sobre a presença militar e a influência da Rússia no território sírio, anunciou nesta segunda-feira (16) a chefe da diplomacia do bloco, Kaja Kallas.
De acordo com Kallas, a UE "mencionará este tema" quando estabelecer um diálogo com as novas autoridades na Síria, e destacou que Rússia e Irã "não devem ter um lugar no futuro da Síria", após a queda do governo de Bashar al Assad.
Ao final de uma reunião de Ministros das Relações Exteriores da UE, Kallas afirmou que vários países do bloco consideram a redução da influência russa uma condição para iniciar o diálogo com o novo regime sírio.
"Vários ministros disseram que deveria ser uma condição para os novos líderes [na Síria] que eliminem a influência da Rússia", declarou Kallas.
"Dessa forma, mencionaremos esse tema aos líderes [sírios] quando tivermos as reuniões", acrescentou.
Na opinião de Kallas, para a Rússia, o território sírio "é uma base de onde eles conduzem suas atividades em direção à África".
Na manhã desta segunda-feira, Kallas anunciou a iminente viagem de um representante da UE a Damasco para iniciar contatos com as novas autoridades sírias.
A queda do governo de Assad, após uma ofensiva relâmpago do grupo islamista radical Hayat Tahrir al Sham (HTS), colocou os governos ocidentais diante da necessidade de estabelecer algum tipo de diálogo.
A dificuldade está no fato de que o HTS é alvo de sanções internacionais, já que o grupo tem origem na rede Al Qaeda.
A Rússia era o principal aliado do governo de Assad, tendo inclusive intervindo militarmente na Síria desde 2015.
Em uma nota divulgada nesta segunda-feira, Assad afirmou que sua saída da Síria ocorreu por iniciativa russa. "Moscou pediu [...] uma evacuação imediata para a Rússia no domingo, 8 de dezembro, à noite", declarou.
Parte do pessoal diplomático da Rússia na capital síria, Damasco, foi repatriado (junto com funcionários de Belarus, Coreia do Norte e Abecásia) no domingo, a partir da base aérea russa de Hmeimim.
Além da base aérea de Hmeimim, a Rússia mantém uma base naval em Tartus.
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