O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o general Walter Braga Netto trouxeram novamente à tona o espírito da ditadura que estava adormecido no país, afirmou o colunista Tales Faria no UOL News desta segunda-feira (16).
Braga Netto foi preso no sábado, em fato que entrou para a história do país. Nunca um militar do mais alto posto do Exército havia sido detido por uma decisão do Judiciário, em processo conduzido por civis. O general foi acusado de obstruir a Justiça no inquérito que investiga o plano de golpe de Estado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Há um impacto muito grande entre os militares e que precisará ser debelado ao longo do tempo. Bolsonaro, Braga Netto e o general [Augusto] Heleno fizeram ressuscitar entre os militares o monstro do espírito ditatorial que levou ao golpe de 1964, entre outras coisas. Fizeram emergir esse espírito de apoio à ditadura e a uma solução ditatorial, golpista.
Isso entra para a história e no ânimo de cada militar. Perderemos muito tempo para poder tirar isso de dentro dos militares. Houve muitos militares de alta, média e baixa patente defendendo ditadura nesse país no período do Bolsonaro e do Braga Netto. Aliás, dentro da caserna, alguns o estão chamando de 'Praga' Netto porque trouxe de novo essa praga da ditadura para dentro dela.
Isso é um terror que demorará para se tirar. É uma doença, uma praga que essa turma toda trouxe para o meio militar. Foi a pior coisa que fizeram: ressuscitar o espírito da ditadura, algo que imaginávamos que havia morrido. Tales Faria, colunista do UOL
Tales criticou a defesa dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado e disse que eles buscam deturpar a visão das leis e construir sua própria verdade absoluta.
Eles se desculpam assim, como esse advogado do Braga Netto: 'não houve golpe e nem obstrução'. Para eles, só é punível se a obstrução for bem-sucedida. Para eles, pensar em estado de sítio não é golpe. Estruturar uma ação para não deixar o presidente eleito tomar posse e cercar a casa do ministro Alexandre de Moraes 'não é golpe'.
Houve essas coisas Tabajara, como disse o general [Hamilton] Mourão. Mas eles trouxeram para a história do país uma visão Tabajara do que é crime ou não; do que é democracia ou não.
Essa é a lógica deles. É verdade que a bolha está diminuindo, mas ainda há gente dentro dela que acredita nesse tipo de argumentação. É um absurdo. Tales Faria, colunista do UOL
Josias: Manifestação de ruralistas sobre golpe é adequada, mas tardia
Ao defender a apuração sobre o envolvimento de pessoas do agronegócio na tentativa de golpe de Estado, a frente ruralista no Congresso age de forma adequada, mas a manifestação chega tarde demais, disse o colunista Josias de Souza.
É tardia essa manifestação da frente parlamentar. Evidentemente não está se falando de todo o agronegócio, mas não há dúvida [de envolvimento na trama golpista]. Isso vem desde a abertura das urnas, quando houve caminhão do agro trancando estradas. Houve evidências muito eloquentes de que o agro ajudou a financiar a manutenção de acampamentos [golpistas]. Isso está muito nítido nessa investigação.
Um dos pontos muito incômodos na investigação da PF, que é consistente, é faltar um detalhamento em relação aos financiadores, seja da fase de planejamento e instigação ao golpe, seja da execução propriamente dita dele.
É compreensível que a frente parlamentar pregue que é inadmissível generalizar. Mas essa manifestação é tardia. Já se fala do envolvimento do agronegócio na trama golpista há muito tempo, e essa frente não se preocupou em vir a público para dizer que eles não se confundem com isso. Josias de Souza, colunista do UOL
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