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Réu por estuprar esposa com 51 homens, Dominique Pelicot pede 'desculpas'

Gisele Pelicot saindo do tribunal de Avignon durante o julgamento de seu ex-parceiro Dominique Pelicot, acusado de drogá-la e convidar estranhos para estuprá-la em sua casa em Mazan, uma pequena cidade no sul da França, em Avignon, em 25 de novembro de 2024 - CHRISTOPHE SIMON/AFP
Gisele Pelicot saindo do tribunal de Avignon durante o julgamento de seu ex-parceiro Dominique Pelicot, acusado de drogá-la e convidar estranhos para estuprá-la em sua casa em Mazan, uma pequena cidade no sul da França, em Avignon, em 25 de novembro de 2024 Imagem: CHRISTOPHE SIMON/AFP
do UOL

Do UOL*, em São Paulo

16/12/2024 06h32

Dominique Pelicot, o principal acusado no julgamento do estupro da própria esposa, Gisèle Pelicot, na França, pediu "desculpas" à família e elogiou a "coragem" da ex-mulher, a quem ele drogou por uma década para estuprá-la com homens que conheceu pela internet.

O que aconteceu

"Lamento o que fiz, fazer - a minha família - sofrer por quatro anos, peço perdão", afirmou. Os quatro anos aos quais ele se refere foram o período desde que o crime foi descoberto. As falas foram dadas nesta segunda-feira (16), nas suas declarações finais antes do veredito do caso, previsto para a quinta-feira (19).

Homem iniciou a sua fala "elogiando" coragem da esposa violentada por ele. "Gostaria de começar por saudar a coragem da minha ex-mulher", declarou o réu no tribunal de Avignon, sul da França

Caso chocou a França

Ao todo, 51 homens respondem à acusação de estupro. Eles têm idade entre 26 e 74 anos e são de diferentes classes sociais. Um suspeito é considerado foragido. Dos 50 julgados, 14 admitiram o crime - entre eles o próprio Dominique.

Expectativa é de que o julgamento leve o país a incluir a noção de consentimento na definição legal do crime de estupro. Os acusados, em sua maioria, afirmaram em juízo que não perceberam que estavam estuprando Pelicot, negaram a intenção de estuprá-la ou culparam o marido dela, Dominique.

Nenhum dos acusados comunicou o caso à polícia. Os abusos foram descobertos quando as autoridades passaram a investigar Dominique após ele ser acusado de violar a privacidade de outras mulheres.

Vítima poderia ter optado por manter o julgamento privado, mas preferiu torná-lo público, argumentando que vítimas não têm que ter vergonha. Ela também alegou que o caso dela pode ajudar outras mulheres a falar sobre abusos sofridos.

Pelicot disse ainda que jamais perdoará o marido, de quem se divorciou. Os três filhos do casal pediram punição severa para o pai e disseram que o consideravam morto. A filha deles diz achar que também foi drogada e abusada pelo pai.

A violência sexual contra a mulher no Brasil

No primeiro semestre de 2020, foram registrados 141 casos de estupro por dia no Brasil. Em todo ano de 2019, o número foi de 181 registros a cada dia, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 58% de todos os casos, a vítima tinha até 13 anos de idade, o que também caracteriza estupro de vulnerável, um outro tipo de violência sexual.

Como denunciar violência sexual

Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.

Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.

*Com informações da AFP e da DW

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