General da reserva: Forças Armadas não deram guarida a tentativa de golpe
As Forças Armadas não deram respaldo para a tentativa de golpe, ocorrido no fim do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2023, avaliou o general da reserva Paulo Chagas no UOL News, do Canal UOL, nesta segunda-feira (16). Chagas é ex-apoiador da gestão bolsonarista.
Eu me surpreendi, sim, porque esse 'planejamento de golpe' —eu não vou chamar de tentativa de golpe— foi tão malfeito, tão primário... Eu não quero dizer que eu tenha especialidade para fazer golpes de Estado ou golpes militares, isso a gente não estuda, mas a maneira como isso foi montado, como está sendo apresentado, eu considero de um primarismo absurdo, e se tratando de militares que têm esse curso de operações especiais. Paulo Chagas, general da reserva
A PF (Polícia Federal) indiciou Bolsonaro e mais 36 pessoas no inquérito que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O ex-presidente é suspeito dos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de Direito e organização criminosa.
No sábado (14), o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e ex-candidato a vice de Jair Bolsonaro, foi preso em sua casa, em Copacabana, zona sul do Rio, sob a acusação de obstrução da Justiça. Ele é suspeito de ter coordenado o grupo que planejou a intervenção militar.
O que eu tenho visto [pela imprensa] é justamente um primarismo grande, alguma coisa que jamais daria certo. Eu escrevi um texto também baseado nisso, em que as pessoas falaram em golpe militar. Golpe militar é uma coisa, golpe 'de' militar é outra. Este foi um planejamento para um golpe que envolviam militares, que eu chamei de golpe 'de' militar. Golpe militar é institucional, e as Forças Armadas jamais deram guarida a esse tipo de planejamento.
Consta que, em algum momento, o comandante do Exército [general Freire Gomes, então comandante do Exército] foi questionado [sobre o plano], e a resposta dele foi totalmente profissional, precisa e concisa: 'Não!' Então, eu acho que esse planejamento foi primário, infantil e muito aquém desses militares que se propuseram a fazê-lo. Não posso dizer que foi uma invenção, porque, realmente, passou pela cabeça dessas pessoas. Foi um plano ridículo. Paulo Chagas, general da reserva
PF investiga duas linhas de frente sobre tentativa golpe
- A primeira foca na participação de militantes extremistas, apoiadores e financiadores dos ataques aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023.
- A segunda linha de apuração mira políticos e aliados do ex-presidente Bolsonaro. Até o momento, os trabalhos resultaram na prisão de ex-assessores do ex-presidente, além de integrantes das Forças Armadas.
Antes da prisão de tenente-coronel Mauro Cid e de Braga Netto, outro general do Exército, três membros das Forças Especiais —conhecidos como "kids pretos"— e um policial federal foram detidos em novembro, sob a acusação de planejarem um golpe para impedir a posse de Lula e restringir o funcionamento do Poder Judiciário.
A operação que levou a essas prisões recebeu o nome de Operação Contragolpe e revelou o plano Punhal Verde e Amarelo, que previa assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
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