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Bashar al-Assad faz primeiras declarações após queda e diz que Síria está nas mãos de "terroristas"

16/12/2024 12h08

Mais de uma semana depois de ter sido deposto, o ex-presidente sírio Bashar al-Assad quebrou o silêncio nesta segunda-feira (16), afirmando que fugiu da Síria somente após a queda de Damasco nas mãos da coligação rebelde. Ele chamou os novos líderes do país de "terroristas".

"A minha saída da Síria não foi planejada, também não ocorreu durante as horas finais da batalha, contrariamente a algumas alegações", disse Bashar al-Assad em um comunicado em inglês no canal Telegram da presidência. "Moscou exigiu (...) uma retirada imediata para a Rússia na noite de domingo, 8 de dezembro", acrescentou Assad, que governou a Síria durante 24 anos. Ele também afirmou que seu país agora está "nas mãos de terroristas".

Em 8 de dezembro, uma aliança insurgente liderada pelo grupo radical islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS) entrou em Damasco e anunciou a derrubada do poder, após uma rápida ofensiva que permitiu aos rebeldes tomar uma grande parte do país em onze dias. Abandonado por seus aliados iranianos e russos, Assad fugiu para Moscou.

O HTS, antigo braço sírio da Al-Qaeda, afirma ter rompido com o jihadismo, mas continua classificado como "terrorista" por várias capitais ocidentais, incluindo Washington.

Contatos com novo governo

Após 50 anos de governo da família Assad e de repressão implacável contra qualquer tipo de oposição, as novas autoridades tentam tranquilizar a comunidade internacional, que está gradualmente estabelecendo contatos com seus líderes, incluindo Abu Mouhammad al-Jolani, o chefe do HTS.

Na segunda-feira, a União Europeia anunciou que enviaria um alto representante a Damasco para se encontrar com os novos líderes. A UE julgará as ações que "vão na direção certa", declarou a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas.

Na véspera, o enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, encontrou-se com Jolani, a quem sublinhou a necessidade de uma transição "verossímil e inclusiva".

O Reino Unido e os Estados Unidos também afirmaram ter estabelecido contatos com o HTS e a França anunciou que enviaria na terça-feira (17) uma missão diplomática a Damasco, a primeira em 12 anos.

A vizinha Turquia, um ator importante no conflito na Síria, que apoia as novas autoridades, reabriu sua embaixada em Damasco no sábado (14), dizendo estar "pronta" para fornecer ajuda militar se o novo governo sírio solicitar.

Vários países e organizações saudaram a queda de Assad, mas disseram que estavam à espera para julgar com base nos fatos o tratamento dado pelas novas autoridades aos muçulmanos sunitas, às minorias deste país multiétnico e com várias religiões.

O novo primeiro-ministro encarregado da transição até 1° de março, Mohammad al-Bashir, prometeu "garantir os direitos de todos". Neste contexto, a libra síria se recuperou face ao dólar. "Em todos os países do mundo, a moeda local entra em colapso com a queda de um regime. Aqui na Síria, parece ser o contrário", observa Raghid Mansour, proprietário de uma joalharia em um mercado de Damasco.

(Com AFP)

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