Ativistas se opõem à escolha de RFK Jr. para o principal cargo da área de saúde dos EUA
Por Michael Erman e Julie Steenhuysen
(Reuters) - Uma coalizão cada vez maior de ativistas das áreas da saúde e do consumidor fazem campanha contra a indicação de Robert F. Kennedy Jr. para o cargo mais importante da saúde dos Estados Unidos por preocupações com seu ativismo contra vacinas e outras questões de saúde, disseram representantes dos grupos.
O Protect Our Care, defensor do Obamacare, o influente grupo de consumidores Public Citizen, e o Community Catalyst, que luta pela igualdade na área da saúde, fazem parte de uma coalizão de pelo menos 40 organizações que visam um grupo de senadores republicanos para ajudar a bloquear a confirmação de Kennedy como secretário de Saúde e Serviços Humanos.
O Committee to Protect Health Care, organização formada por médicos, também reuniu quase 16.000 assinaturas de médicos que se opõem à nomeação de Kennedy.
Os esforços ocorrem no momento em que Kennedy se dirige ao Capitólio para obter apoio após sua indicação pelo presidente eleito Donald Trump, incluindo uma reunião com o novo presidente do comitê de saúde do Senado, o republicano Bill Cassidy, segundo um membro da equipe do senador.
"Vamos trabalhar para bloquear a indicação. E acho que teremos sucesso", disse Peter Maybarduk, diretor de acesso a medicamentos da Public Citizen, grupo de consumidores fundado por Ralph Nader em 1971, que trabalhou por causas que incluem segurança de remédios e airbags em carros.
"Mesmo que RFK Jr. não consiga acumular o poder de acabar com o financiamento de vacinas ou elevar suas falsidades a algum tipo de oficialidade é um perigo por si só."
Kennedy tem semeado dúvidas sobre a segurança e a eficácia das vacinas na prevenção da disseminação de doenças e para evitar mortes há décadas. Ele contesta o rótulo "antivacina" e disse que não impediria a vacinação dos norte-americanos, mas é um dos fundadores do grupo antivacina Children's Health Defense e, em uma entrevista de 2023 com Lex Fridman, disse que nenhuma vacina é segura ou eficaz.
Kennedy externou sua intenção de trabalhar para acabar com doenças crônicas, romper quaisquer laços entre funcionários do órgão regulador de medicamentos dos EUA e a indústria, e aconselhar os sistemas de água dos EUA a remover o flúor. Trump disse que discutirá o programa de vacinação infantil dos EUA com Kennedy e, nesta segunda-feira, afirmou que todas as vacinas deveriam ser analisadas.
Um porta-voz de Kennedy não respondeu a um pedido de comentário. Seus defensores dizem que a oposição à sua indicação decorre de interesses corporativos.
O diretor-executivo da Protect Our Care, Brad Woodhouse, afirmou que o grupo contratou equipes de lobby e ativismo em mais de seis Estados para tentar convencer senadores republicanos vistos como possíveis votos "não", seja por seus históricos em questões de saúde ou porque provavelmente enfrentarão fortes desafios para a reeleição em 2026.
Os grupos também estão arrecadando dinheiro para comprar anúncios e realizar pesquisas, segundo eles.
O Protect Our Care, que trabalha para defender o Affordable Care Act, disse que provavelmente vai realizar briefings de imprensa com especialistas em saúde pública e políticos para chamar a atenção para as políticas de Kennedy quando ele se reunir com senadores.
Outros também se opuseram à indicação. O membro da diretoria da Pfizer, Scott Gottlieb, ex-comissário da FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA) durante o governo Trump, disse à emissora CNBC no mês passado que a agenda de Kennedy "custará vidas neste país".
Em uma coluna de 4 de dezembro, o Conselho Editorial do Wall Street Journal escreveu que Kennedy poderia "interromper o acesso a medicamentos que salvam vidas e o ecossistema de inovação que os cria".
A Secretaria de Saúde e Serviços Humanos supervisiona a FDA, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e os Institutos Nacionais de Saúde.
(Reportagem de Michael Erman em Nova Jersey e Julie Steenhuysen em Chicago; Reportagem adicional de Stephanie Kelly em Nova York e Ahmed Aboulenein em Washington)