Venezuela: opositores asilados na embaixada argentina denunciam novo cerco
Seis opositores abrigados na residência da embaixada da Argentina na Venezuela denunciaram neste sábado (14) um "agravamento" do "cerco" por parte das forças de segurança venezuelanas, que agora incluem "snipers" ocultos nos arredores da sede diplomática. Os asilados já haviam denunciado a perseguição outras duas vezes, em setembro e novembro.
"Isso escalou com a presença desses atiradores, usando trajes camuflados, rostos cobertos, rifles de assalto equipados com miras telescópicas e apontadores a laser", afirmou Omar González, um dos seis aliados da líder opositora María Corina Machado, durante uma coletiva de imprensa virtual.
O uso de atiradores de elite "acende alertas", diz. "Eles ficam escondidos" nas proximidades, continuou. Os opositores, entre eles Magalli Meda, chefe de campanha de Machado, têm relatado episódios de "cerco" desde que buscaram refúgio na embaixada em março deste ano, após serem vinculados a supostos planos conspiratórios contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro.
O mais recente "cerco" começou há três semanas e, segundo os asilados, a situação tem se tornado cada vez mais grave.
Atualmente, eles estão "sozinhos", já que a Venezuela rompeu relações diplomáticas com a Argentina após o governo de Javier Milei não reconhecer a reeleição de Maduro em julho, citando denúncias de fraude. Além disso, o pessoal de manutenção da embaixada entrou em "férias coletivas".
O Brasil chegou a assumir a custódia da embaixada, mas a permissão foi posteriormente revogada pela Venezuela. Ainda assim, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que continuará defendendo os interesses da Argentina.
"Ninguém entra aqui sem a autorização da polícia do regime de Nicolás Maduro, nem mesmo os trabalhadores de manutenção. Tudo está sob nossa responsabilidade, mas o mais grave é o cerco feito por essas forças de segurança (...), que transformaram o bairro em esconderijos de espionagem e de atiradores", declarou González.
O governo Maduro nega a existência de um cerco, embora a Argentina também tenha denunciado episódios de intimidação. Diversos países da região, além dos Estados Unidos, têm pedido proteção para os asilados, mas sem sucesso até agora.
Na sexta-feira, o governo argentino denunciou que forças de segurança venezuelanas detiveram um oficial da gendarmaria argentina na semana passada "sem motivo legítimo" e em "flagrante violação de seus direitos fundamentais", além de um funcionário local da embaixada em Caracas.
As autoridades venezuelanas não comentaram as detenções, e os asilados também não têm informações sobre o caso.