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Filho de preso político recebe corpo em decomposição do pai depois de Venezuela negar morte na prisão

15/12/2024 14h10

O corpo de Jesús Álvarez, que foi detido nos protestos contra a reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela e morreu na última quinta-feira na prisão, foi entregue aos seus familiares, após as autoridades venezuelanas terem negado seu falecimento. A informação foi divulgada neste domingo (15) pelo Observatório Venezuelano de Prisões (OVP) e um comitê de familiares de presos políticos.

O filho do prisioneiro falecido, também chamado Jesús Álvarez, recebeu o corpo do pai na noite de sábado, de acordo com um porta-voz do Observatório Venezuelano de Prisões (OVP). "Ele foi escoltado por funcionários" até o local onde seu pai será sepultado.

As causas da morte ainda são desconhecidas. O filho, que soube do falecimento pelas redes sociais, havia denunciado na véspera que a administração do presídio onde seu pai estava, a prisão de segurança máxima de Tocuyito, no centro da Venezuela, havia negado a existência de um morto quando ele foi verificar a notícia pessoalmente no local.

O jovem disse à AFP no sábado que confirmou a morte por meio de uma fotografia que lhe foi mostrada pelo serviço de medicina forense do hospital central de Carabobo.

"Estado avançado de decomposição"

O corpo "encontra-se em estado avançado de decomposição", informou na rede social X o Comitê pela Liberdade dos Presos Políticos, formado por familiares de reclusos. A mãe do jovem também está presa.

Álvarez é o segundo detido que morre sob a custódia das autoridades venezuelanas, após a onda de protestos desencadeada pela contestada reeleição de Maduro, em julho. O primeiro foi Jesús Manuel Martínez, de 36 anos, membro do partido da líder opositora María Corina Machado.

Mais de 2.400 pessoas foram presas nos protestos contra a proclamação da vitória de Maduro para um terceiro mandato presidencial de seis anos, apesar das denúncias de fraude por parte da oposição. Oficialmente, 27 pessoas morreram nas manifestações e quase 200 ficaram feridas.

As autoridades informaram sobre a libertação de cerca de 300 indivíduos, embora a ONG Foro Penal, que defende os presos políticos, tenha conseguido registrar apenas cerca de 213, incluindo adolescentes.

Os familiares dos detidos denunciam que seus parentes são vítimas de tortura, maus-tratos e sofrem com a falta de alimentos.

(Com AFP)

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