Braga Netto é preso em inquérito sobre tentativa de golpe de Estado
Por Rodrigo Viga Gaier e Ricardo Brito
SÃO PAULO (Reuters) - O general de reserva e ex-ministro Walter Braga Netto foi preso neste sábado no Rio de Janeiro em operação da Polícia Federal relacionada ao inquérito sobre tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do governo eleito em 2022, informou o Exército.
"O general Braga Netto ficará sob custódia do Exército, no Comando da 1ª Divisão de Exército na cidade do Rio de Janeiro", afirmou o Exército em comunicado à imprensa.
O Exército também afirmou que foram realizadas ações de busca e apreensão nas residências de Braga Netto na cidade do Rio de Janeiro e do coronel Flávio Botelho Peregrino, também da reserva, em Brasília (DF).
Procurada, a defesa de Braga Netto não respondeu de imediato. Não foi possível localizar a defesa de Botelho.
Em nota, sem citar nomes, a PF informou mais cedo que estava cumprindo neste sábado um mandado de prisão preventiva, dois mandados de busca e apreensão e uma cautelar diversa da prisão contra indivíduos que estariam atrapalhando a livre produção de provas durante a instrução processual penal.
Duas fontes com conhecimento da operação haviam dito à Reuters mais cedo que o mandado de prisão era contra Braga Netto.
O Exército afirmou que vem acompanhando as diligências realizadas por determinação da Justiça e colaborando com as investigações em curso, e que "não se manifesta sobre processos conduzidos por outros órgãos".
Braga Netto, também candidato a vice-presidente na chapa do ex-presidente Jair Bolsonaro, estava entre os indiciados pela PF por tentativa de golpe em 2022, no qual estavam incluídos Bolsonaro e ex-ministros do governo e ex-comandantes das Forças Armadas.
Braga Netto, que foi ministro da Defesa e da Casa Civil no governo Bolsonaro, foi apontado como um dos principais influenciadores e articuladores da tentativa de golpe para evitar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com uma das fontes, a autorização para a operação foi dada na quarta-feira, mas um dos alvos estava viajando e, para evitar exposições desnecessárias, a PF optou pelo cumprimento logo após o retorno do alvo para a sua residência. Outra fonte afirmou que esse alvo era Braga Netto.
As medidas judiciais, segundo a PF, têm como objetivo evitar a reiteração das ações ilícitas.
O mais recente depoimento do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, foi decisivo para a decretação da prisão preventiva de Braga Netto, afirmou uma das fontes da PF. Cid trouxe detalhes da participação do então candidato a vice de Bolsonaro, nas ações de 15 de dezembro de 2022, dia em que se articulava o golpe de Estado, além de ele monitorar os depoimentos anteriores de Mauro Cid.
A informação sobre a prisão de Braga Netto foi noticiada primeiramente pelo G1.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier no Rio de Janeiro e Ricardo Brito em Brasília; )