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'Vaquinha' arrecada mais de US$ 55 mil para suspeito de matar CEO nos EUA

Luigi Mangione, preso sob suspeita de ser responsável pela morte do CEO da UnitedHealthcare - Reprodução
Luigi Mangione, preso sob suspeita de ser responsável pela morte do CEO da UnitedHealthcare Imagem: Reprodução
do UOL

Do UOL, em São Paulo

13/12/2024 05h30

Uma 'vaquinha' criada por defensores de Luigi Mangione já atingiu mais de 1.800 doações e 55 mil dólares arrecadados — pouco mais que um quarto da meta de 200 mil dólares.

O que aconteceu

Arrecadação é para pagar custos legais de suspeito de assassinar CEO. Criada como Fundo Legal Luigi Mangione, vaquinha não busca "celebrar a violência", mas permitir que o suspeito tenha representação legal justa.

Organização considera Mangione um "preso político". Os criadores do fundo, que se identificam pelo nome "Comitê Legal 4 de Dezembro", iniciaram contatos diretos com o suspeito de matar Brian Thompson. Eles apontam que caso Mangione recuse os fundos arrecadados, esses serão doados para "outros presos políticos dos EUA".

Maior doação individual ultrapassa mil dólares. Até a noite desta quinta-feira (12), a maior doação era anônima, no valor de 1,3 mil dólares (cerca de R$ 7,7 mil). O comentário que a acompanhava dizia: "Coincidentemente, o mesmo valor [a meta de 200 mil dólares] que me foi cobrado pelo meu procedimento médico que deveria ser 100% coberto".

Mensagens enviadas com doações refletem frustrações com sistema de saúde americano. "Negar cobertura de saúde às pessoas é assassinato, mas ninguém é acusado desse crime", escreveu um doador, chamando a morte de "homicídio justificável". Vários outros escreveram simplesmente "Deny, Defend, Depose" (Negar, Defender, Depor) — as palavras supostamente escritas nos cartuchos de bala encontrados na cena do crime destinadas a invocar táticas que seguradoras usam para evitar o pagamento de indenizações.

Assassino foi celebrado nas redes sociais

Luigi Nicholas Mangione, de 26 anos - Reprodução/Instagram/@luigi.from.fiji - Reprodução/Instagram/@luigi.from.fiji
Luigi Nicholas Mangione, de 26 anos
Imagem: Reprodução/Instagram/@luigi.from.fiji

Web celebrou morte de CEO da UnitedHealthcare. O Instituto de Pesquisa sobre Contágio em Rede aponta que publicações elogiosas ao assassino ou contrárias a Biran Thompson alcançaram dezenas de milhões de impressões. Das 10 postagens sobre o caso com o maior número de interações, 6 expressaram apoio explícito ou implícito ao assassinato, ou renegaram a vítima.

Ódio de muitos usuários parte de recusas de tratamento. Comentários e publicações relatavam experiências pessoais de clientes da UnitedHealthcare que tiveram pedidos para cirurgia, exames e medicamentos negados. "Segundo a companhia dele, a parada cardíaca do meu marido não era uma emergência e ficamos com 3 mil dólares em dívidas", aponta uma usuária. Já outro publicou um documento mostrando como a empresa negou que seu filho, com paralisia cerebral, utilizasse uma cadeira de rodas por não ser "medicamente necessário".

UnitedHealthcare é a seguradora de saúde que mais nega pedidos de pacientes. Um levantamento publicado pela Forbes e pelo Boston Globe mostra que a UnitedHealthcare nega 32% dos pedidos de seus pacientes. A média nacional dos Estados Unidos é de 16%.

Sistema de saúde nos Estados Unidos é baseado em planos privados. Os EUA são o único país desenvolvido que não tem cuidado universal de saúde. O serviço acaba sendo oferecido por empresas, que frequentemente recusam cobertura de cirurgias, medicamentos ou mesmo anestesia. Publicado em julho deste ano, um levantamento do Centro Nacional de Saúde dos EUA aponta que 25 milhões de americanos, sendo 2,8 milhões de crianças, não tinha, acesso pleno à saúde em 2023.

Quem é Luigi Mangione, preso por suspeita de assassinato de CEO?

Luigi Mangione, de 26 anos, acusado de ser o assassino de Brian Thompson - Reprodução/X/@PepMangione - Reprodução/X/@PepMangione
Luigi Mangione, de 26 anos, acusado de ser o assassino de Brian Thompson
Imagem: Reprodução/X/@PepMangione

Aluno de destaque e orador da turma. Mangione se formou com honras em 2016 do Gilman College, colégio privado apenas para rapazes em Baltimore, no seu estado natal de Maryland. Em sua formatura, deu um discurso agradecendo a seus pais pelo investimento financeiro,"longe de ser pequeno", e apontou que sua turma "apresentava novas ideias e desafiava o mundo ao seu redor".

Família de classe média. A família Mangione é dona de diversos negócios em Baltimore, Maryland, onde o jovem foi criado. O pai de Nicholas é professor da universidade Temple, na Pensilvânia, estado onde o suspeito foi preso.

Mestre em Ciências da Computação por universidade de elite. Mangione obteve seu bacharelado e mestrado da Universidade da Pensilvânia, parte da Ivy League, associação prestigiosa que acomoda outras instituições como as universidades de Harvard, Yale, Princeton e Columbia.

Pesquisa voltada a inteligência artificial. A página do LinkedIn de Mangione aponta que seu bacharelado foi realizado com concentração em inteligência artificial e interesse secundário em matemática. Em seu Twitter, Mangione comentava sobre tecnologia, programação e IA.

Trabalhou como pesquisador, professor-assistente e como engenheiro de dados. Enquanto estudava, Mangione estagiou como pesquisador de robótica, programador de jogos e como assistente de professores na Universidade da Pensilvânia e na Universidade de Stanford. Desde 2020, era engenheiro de dados na TrueCar, plataforma online de venda de carros.

"Quando todas as formas de comunicação falham, violência é necessário para sobreviver", escreveu sobre manifesto do Unabomber. Em avaliação do livro "A Sociedade Industrial e Seu Futuro", de Ted Kaczynski, Mangioni escreveu que o autor era um "indivíduo violento — preso corretamente — que feriu pessoas inocentes", mas que suas previsões sobre a sociedade moderna eram "impossíveis de ignorar". Ainda critica as grandes empresas que "não ligam para você, seus filhos ou seus netos".

Último endereço conhecido de suspeito é no Havaí. Luigi Mangione não tem histórico criminal em Nova York e é do estado de Maryland. Ele teria viajado a Nova York de ônibus.

Dono de coworking onde trabalhava diz que era "cara legal". Ao New York Times, Nam Vu, co-fundador do Hub Coworking Hawaii, disse que não tinha "nada estranho" com Mangione. Não foi especificado quando o homem começou a frequentar o espaço, mas fazia um ano que sua assinatura estava inativa.

Tinha foto de radiografia em rede social. Em seu mural no X, Luigi postou uma foto sua, de um Pokémon e de uma radiografia de uma coluna espinhal, com o que parecem ser pinos de metal aplicados. Ainda não se sabe se a imagem faz referência à relação de Mangione com empresas de plano de saúde.

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