Dólar oscila pouco e caminha para perda semanal após forte volatilidade da véspera
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista oscilava pouco frente ao real nesta sexta-feira, mas caminhava para uma perda semanal, à medida que os investidores esperavam por novas notícias sobre a tramitação do pacote fiscal do governo no Congresso e permaneciam cautelosos em uma sessão de agenda relativamente esvaziada.
Às 9h54, o dólar à vista subia 0,24%, a 6,0274 reais na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,74%, a 6,029 reais na venda.
As preocupações do mercado com a trajetória das contas públicas do país continua sendo o principal foco no mercado de câmbio e as atenções dos investidores devem se voltar para o Congresso, à espera do avanço das medidas de contenção de gastos propostas pelo governo.
"O mercado está em relativo compasso de espera, de olho na articulação política do governo para votação do pacote fiscal antes do recesso", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital. "Em síntese: compasso de espera e volatilidade."
Na frente de dados, o Banco Central informou que seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), registrou alta de 0,1% em outubro na comparação com o mês anterior. A expectativa em pesquisa da Reuters para o resultado do mês era de uma queda de 0,2%.
"O IBC-Br não vai mudar muito as percepções dos investidores, porém, essa ideia de que a economia e o mercado de trabalho estão mais aquecidos foi um dos pontos que vem sendo constantemente citado pelo Banco Central, que compõe um cenário de riscos inflacionários", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
A baixa variação desta sessão contrastava com a forte volatilidade presente nas negociações de quinta-feira, quando a moeda norte-americana oscilou quase 18 centavos entre a máxima e a mínima do dia, com o mercado reagindo à decisão do Copom e a temores pela trajetória das contas públicas.
A decisão do Copom de acelerar o ritmo de aperto monetário ao elevar a Selic em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano, e indicar mais duas altas do mesmo tamanho provocou forte queda do dólar nas primeiras horas da sessão, em meio à perspectiva de maior diferencial de juros entre o Brasil e seus pares.
Durante a tarde, no entanto, a moeda norte-americana recuperou as perdas, à medida que o mercado atrelava as preocupações com o cenário fiscal ao estado de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e operava diante da forte queda na bolsa brasileira, que tirava liquidez do mercado.
Na semana, o dólar está a caminho de uma perda, após renovar a máxima histórica na segunda-feira, recuando 0,81% ante à cotação de fechamento da semana anterior.
Na curva de juros brasileira, as taxas futuras seguem em forte alta, particularmente no longo prazo, refletindo as preocupações do mercado com o cenário fiscal.
No cenário externo, o dólar estava perto da estabilidade, ganhando sobre algumas divisas emergentes, com os agentes financeiros se posicionando para a última reunião do Federal Reserve no ano na próxima semana.
As expectativas têm se consolidado em torno de um corte de 0,25 ponto percentual pelo Fed em 18 de dezembro, após os mercados digerirem dados nesta semana que vieram dentro do esperado para a inflação ao consumidor dos Estados Unidos e evidenciaram uma desaceleração gradual do mercado de trabalho.
"Fed é naturalmente o maior driver (da próxima semana), mas acho que como já está precificado, não deve impactar câmbio", apontou Bergallo.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,11%, a 106,840.
(Edição de Camila Moreira)