Caiado usa reuniões de Lula e Bolsonaro para se defender de inelegibilidade
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), citou reuniões feitas no Palácio do Alvorada por Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) durante as eleições para se defender de decisão da Justiça Eleitoral goiana que o condenou a ficar inelegível por oito anos.
O que aconteceu
Não pode ter dois tratamentos, disse o governador. Caiado citou também reuniões feitas pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014 no Alvorada.
Ele foi condenado por abuso de poder político nas eleições de 2024. A mesma sentença, de primeira instância, cassou o registro do prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel (União), apoiado pelo governador.
Governador usou Palácio das Esmeraldas para jantares de apoio a Mabel. Os encontros na sede do governo e residência oficial ocorreram nos dias 7 e 9 de outubro, no início do segundo turno, e reuniram vereadores eleitos e outras lideranças políticas. Segundo Caiado, os eventos ocorreram para falar de crises que afetam a capital goiana — ele citou o caso da área da saúde.
Defesa do governador entrou com recurso. "Essa matéria será revista", afirmou Caiado, que diz respeitar a decisão da Justiça. A chapa eleita cassada pode ser diplomada no próximo dia 19 e tomar posse em 1º de janeiro, até que o TRE-GO julgue o recurso.
Caiado afirma que sempre pautou vida política no "cumprimento das normais legais". "Jamais pratiquei um ilícito moral ou eleitoral que possa desabonar a minha trajetória de vida", disse a jornalistas.
Vocês estão vendo agora, em 2024, com Lula gravando todas as matérias pedindo voto pro Boulos, dentro do Palácio do Alvorada. Você não pode ter dois pesos e duas medidas. Aqui é minha residência [Palácio das Esmeraldas], eu moro aqui.
Ronaldo Caiado, governador de Goiás
Defesa do prefeito eleito afirma que "recebeu com surpresa" a decisão. Segundo os advogados do prefeito eleito, "não houve qualquer irregularidade na conduta apontada", já que, segundo eles, houve apenas "uma reunião política realizada na residência do governador".
'Nunca fiz curso de mágica'
Caiado disse que "nunca fez curso de mágica" ao ser questionado sobre pedido de voto indireto nas reuniões. A declaração tem relação com a justificativa dada pela juíza que cita que os políticos fizeram nos jantares "uso de palavras mágicas" para pedidos de votos".
O investigado Ronaldo Caiado admitiu em sua contestação que os eventos se tratavam de reuniões de trabalho, logo, os gastos ainda que moderados foram arcados pelo poder público. O informante ouvido confirmou a oferta de bebidas durante os dois eventos e ainda contou que funcionários pertencentes ao quadro de servidores do Palácio das Esmeraldas prestaram os serviços para a realização dos dois eventos
Trecho da sentença do TRE-GO