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Polícia de Paris retém para investigação celular, computador e escova de dente de brasileiro desaparecido

11/12/2024 13h28

Esta quarta-feira (11) marca os 15 dias do anúncio do desaparecimento do fotógrafo brasileiro Flávio de Castro Sousa, de 36 anos, em Paris. Após grande repercussão na mídia brasileira, a imprensa francesa passa a destacar o caso em jornais, internet e TV. O computador, o celular, os carregadores e até itens de higiene pessoal, como uma escova de dentes do mineiro, foram solicitados pela polícia francesa para as investigações, depois que a Polícia Federal do Brasil se associou ao caso na semana passada. 

Luiza Ramosda RFI em Paris

Flávio de Castro Sousa segue desaparecido há mais de duas semanas, desde que foi visto pela última vez em Paris, no dia 26 de novembro. Ao que tudo indica, a movimentação feita pela Embaixada e Polícia Federal brasileiras na semana passada para periciar os pertences do mineiro - deixados no apartamento de aluguel temporário onde ele esteve no 13° distrito de Paris - ajudou no interesse dos investigadores franceses, que até a semana passada alegavam impossibilidade de investigar os objetos pessoais de Flávio por questões ligadas à legislação do país.

O amigo do fotógrafo, o filósofo Rafael Basso, que mora em Paris há dez anos, conta que após representantes do Itamaraty na França se prontificarem a enviar as malas e objetos eletrônicos de Flávio para serem investigados no Brasil, com a possível quebra do sigilo do celular e computador autorizados pela família, recebeu contato de policiais para manter alguns pertences em Paris.

"As malas já chegaram, já foram entregues para a família [em Minas Gerais]. Mas o celular e o computador estão comigo. Eu estou aguardando uma convocação para entregar para às autoridades", contou Rafael. "No último momento, quando a família estava aqui para levar os pertences, a polícia entrou em contato comigo e falou assim: segura tudo, segura na França o celular, o computador e uma escova de dente, caso a gente precise, enfim, para teste de DNA", relatou à RFI.

O amigo, que está empenhado desde o início do caso, relatou ainda que ele e seu companheiro Pablo Araújo, também amigo de Flávio, têm sido procurados nos últimos dias pela imprensa francesa, como os diários de grande porte Le Parisien, Le Figaro e a emissora BFMTV. "A gente começa agora partindo uma estratégia para ver se alguns políticos franceses podem talvez fazer a polícia francesa falar. Porque eu acho que eles estão investigando. A gente tem indícios disso, mas eles não falam nada". 

Sigilo das investigações

O motivo do silêncio das autoridades francesas é o sigilo, segundo Luiz Roberto Ungaretti Godoy, adido da Polícia Federal brasileira na França, que coordenou o procedimento de abertura das bagagens de Flávio. Ele detalha à RFI que entrou em contato com o responsável pela investigação na Brigada de Desaparecidos da polícia de Paris.

"Me explicaram que aqui na França a investigação é sigilosa. Que eles não podem antecipar nenhum passo sem autorização judicial, mas que estavam investigando, realizando diligências, levantando câmeras. Estavam tomando todas as medidas necessárias para elucidar o caso. Em paralelo, falaram que finalmente teriam, sim, interesse em ficar com o celular, o computador, uma escova de dente do Flávio para eventual exame de DNA", o que será efetuada por Rafael Basso nos próximos dias.

Voluntários brasileiros continuam buscas

Até esta quarta-feira, mais de 170 de voluntários brasileiros seguem se mobilizando em um grupo de aplicativo de mensagens para a colagem de cartazes, rondas por bairros parisienses e engajamento em conteúdos nas redes sociais para ajudar na busca de quem possa ter alguma informação sobre o misterioso caso.

Alguns dos voluntários do grupo 'Buscas-Flávio-Paris' enfatizam a importância da distribuição de cartazes ao recordar o caso de Robson Amorim de Freitas, brasileiro que sumiu em Paris em janeiro de 2022. O homem teve um lapso mental e vagou pelas ruas da capital francesa por cerca de 15 dias, até que, segundo relatos dos familiares, reconheceu sua própria imagem em um dos cartazes de procura na região da Praça da Bastilha e pediu ajuda. 

De acordo com a prima de Flávio, Larissa Castro, o fotógrafo não tinha histórico que possa justificar a hipótese de problemas mentais. "Flávio não tinha histórico depressivo, nenhum diagnóstico de transtornos psicológicos. Não tem histórico na família. Flávio sempre foi muito alegre, sempre muito responsável com o trabalho. Adorava viver, adorava o trabalho dele, adorava os amigos, adorava a família, adorava viajar, nunca teve nenhum tipo de problema referente a isso", afirma. 

Rafael Basso segue esperançoso por notícias do amigo, assim como os conterrâneos brasileiros empenhados na colagem de cartazes. "É uma oscilação de sentimentos. Às vezes parece que sim, que a gente vai encontrar rápido. Às vezes o tempo passa e o fato de não ter nenhuma atualidade é angustiante. Toda vez a gente fica na esperança, mas realmente não tem o que fazer, não é?", desabafa Rafael, que tem dado entrevistas, ajudado a família do mineiro nos contatos com as autoridades e assessorado de todas as formas possíveis nas buscas por Flávio.

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