Filho de militar morta em hospital desabafa: 'Quantos mais têm que morrer?'
Carlos Eduardo Mello, filho mais velho da capitã da Marinha Gisele Mello, que morreu vítima de bala perdida dentro de um hospital no Rio de Janeiro, publicou um desabafo nas redes sociais em que criticou a violência no estado.
O que aconteceu
Carlos Eduardo questionou a efetividade dos métodos adotados pelas forças de segurança na combate à criminalidade. "Quantos mais têm que morrer para essa guerra acabar? Os crimes não diminuem, a violência não diminui. A única coisa que aumenta é o número de mortes. Bandidos morrem. Policiais morrem. Inocentes morrem. Todos os dias. Quando vamos mudar os métodos para finalmente mudarmos os resultados?", postou nos stories de seu perfil no Instagram nesta quarta-feira (11).
Ele, que trabalha como assessor da vereadora Mônica Cunha (PSOL-RJ), disse que vai se dedicar para evitar que outras famílias sejam destruídas pela violência urbana. "Precisamos entender que ninguém fica seguro em meio a desigualdade social que viola tantas necessidades básicas. Ontem foi minha mãezinha querida... E eu vou seguir dedicando a minha vida para que chegue o dia que isso não aconteça nem com a mãe, nem com o filho de mais ninguém".
Além de Carlos Eduardo, Gisele também era mãe de Daniel Mello, o mais novo. A militar morreu na terça-feira (10), dia em que seu caçula fez aniversário de 22 anos. O jovem lamentou a triste coincidência em postagem nas redes sociais e disse estar com o "coração partido".
Entenda o caso
Gisele era capitão de Mar e Guerra e médica da Marinha. Ela foi baleada na cabeça no momento em que participava de uma cerimônia no pátio do Hospital Naval Marcílio Dias, na manhã de ontem. A militar chegou a ser internada no centro cirúrgico, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Segundo o Portal da Transparência, ela estava na Marinha desde fevereiro de 1995 e participou de uma missão na Suíça em setembro de 2023.
Ela era médica geriatra e também atuava como superintendente do hospital naval. Em seu currículo no site Escavador, é dito que Gisele se graduou em Medicina pela Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), em 1993. De 2015 a 2018, ela fez parte da comissão de ética médica do Hospital Naval Marcílio Dias.
A Marinha do Brasil publicou nota lamenta a morte de Gisele. Ela era Capitã de Mar e Guerra média. "A Marinha se solidariza com familiares e amigos e informa que está prestando todo o apoio nesse momento de grande dor e tristeza Marinha", diz a nota
Hospital Naval Marcílio Dias fica no Lins de Vasconcelos, região que abriga diversas comunidades. No momento em que a médica foi atingida, uma Unidade de Polícia Pacificadora fazia operação na região. Em nota, a Polícia Militar do Rio esclareceu que os policiais "foram atacados por criminosos" na Comunidade do Gambá.
Até o momento, não foi informado se o projétil que atingiu a militar foi disparado pela polícia ou pelos criminosos. O tiro que matou a médica atravessou uma janela antes de atingi-la. Imagens obtidas pela TV Globo mostram a marca na janela do segundo andar do prédio.