Criação da Coca ou comunista? Por que o Papai Noel veste vermelho
A prefeitura de Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, está sendo criticada após decorar a cidade com papais noéis vestidos com roupas douradas com detalhes verdes, ao invés do tradicional vermelho e branco.
Ao Estadão, o prefeito de Balneário Camboriú negou que os papais-noéis dourados com detalhes verdes tenham sido confeccionados por motivos políticos. "Não foi uma escolha nossa de descaracterizar, até porque não descaracteriza o Natal. Eu tenho certeza que não houve motivação política alguma", afirmou.
Mas, qual a real origem do bom velhinho como conhecemos?
Apesar de celebrar a festividade há séculos, a figura do senhor barbudo de roupa vermelha e branca só começou a ser difundida na década de 1930.
Em 1823, o professor americano Clement Clarke Moore publicou anonimamente o poema The Night Before Christmas (A noite da Véspera de Natal, em tradução livre para português), No texto, ele descrevia um velhinho bochechudo que viajava de trenó e entrava na casa das pessoas por uma chaminé.
No fim do século 19, o Noel foi representado em forma de desenho, com uma roupa tradicional de inverno marrom ou verde-escura. A vestimenta mudou quando o cartunista alemão Thomas Nast foi deixando as roupas com as cores vermelha e branca, e ganhou ainda mais força quando apareceu na revista Harper's Weekly, em 1886.
Além do desenho, Nast também criou a parte da lenda que dizia que o personagem morava no Polo Norte. Então, a partir daí, vários artistas idealizaram versões próprias de Noel.
Depois de 45 anos, a Coca-Cola usou as cores vermelho e branco, aproveitando que elas pertencem ao seu logo. A campanha publicitária que utilizou dessa imagem do Papai Noel buscava representar um homem mais caloroso, amigável, que fez um grande sucesso ao redor do mundo.
Desde que a Coca-Cola começou suas publicidades natalinas, por volta de 1920, as propagandas foram estampadas em grandes revistas como The Saturday Evening Post, Ladies Home Journal e National Geographic. Nelas, a empresa ainda mostrava um Papai Noel vestido de vermelho e branco.
O executivo da agência de publicidade D'Arcy, Archie Lee, queria que o Papai Noel da marca tivesse um ar mais saudável. Sendo realista e simbólico. Então, o ilustrador Haddon Sundblom criou uma pessoa vestida como ele, inspirando-se no poema de Moore.
Muitas destas pinturas, com versões do Papai Noel da empresa, permanecem em exibição no World of Coca-Cola, em Atlanta, na Geórgia. A versão final do personagem foi estabelecida em 1964.
Porém, mesmo que muitos digam que a empresa fez com que o bom velhinho usasse um casaco vermelho, ele já era representado dessa maneira antes de Sundblom o pintá-lo. Mas foi a partir daí que sua figura se popularizou vestida dessa forma.
Origem do Papai Noel
A origem histórica do Papai Noel está relacionada com São Nicolau de Mira, conhecido como Nicolau Taumaturgo, um bispo cristão que viveu entre os séculos 3 d.C. e 4 d.C. Ele morou na Ásia Menor, o que atualmente conhecemos por Turquia, e ficou conhecido por sua generosidade. Esse religioso herdou a riqueza de sua família e utilizou o dinheiro para distribuir presentes entre os pobres, sobretudo para as crianças órfãs.
São Nicolau destacou-se por sua generosidade. Uma vez, conheceu um homem muito pobre que possuía três filhas que, na época, não haviam casado. Por isso, corriam riscos para sobreviver. São Nicolau, então, doou dotes para cada uma delas.
A fama do religioso na Igreja Católica é muito grande. A figura do Papai Noel assemelha-se à descrição desse bispo: um velhinho de barba branca e de trajes vermelhos. A devoção a São Nicolau é muito forte em alguns lugares, como na cidade italiana de Bari. Além disso, esse santo católico tornou-se o padroeiro dos pobres, dos órfãos e de algumas nações, como Grécia e Rússia.
Há outra teoria que afirma que a figura pode ser uma adaptação da lenda do "Velho Inverno", que é anterior à de São Nicolau. Nela, um senhor mais velho andava de casa em casa pedindo comida no inverno. Quem o ajudasse de boa vontade e bom coração, segundo a história, teria um inverno com menos frio e mais prosperidade.
Além disso, as celebrações protestantes buscavam usar imagens diferentes da Igreja Católica, que enfatizavam a figura do presépio, e já utilizavam a figura do personagem.
*Com reportagem de dezembro de 2022