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BC eleva Selic em 1,00 ponto, a 12,25% e prevê mais duas altas equivalentes

11/12/2024 18h41

Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central decidiu nesta quarta-feira acelerar o ritmo de aperto nos juros ao elevar a taxa Selic em 1,00 ponto percentual, a 12,25% ao ano, em decisão unânime de sua diretoria, prevendo mais duas altas da mesma magnitude à frente, após citar risco de piora da dinâmica inflacionária a partir do anúncio de medidas fiscais do governo.

"Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões", afirmou o Comitê de Política Monetária (Copom) em comunicado divulgado após a última reunião do ano e a derradeira com Roberto Campos neto no comando da instituição.

Se confirmadas as duas elevações adicionais de 1 ponto na Selic no início do ano que vem, quando o governo Lula terá maioria de indicados na diretoria do BC, incluindo Gabriel Galípolo na presidência, a taxa básica alcançará 14,25%, maior patamar desde outubro de 2016.

Para a diretoria do BC, o cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções para os preços, dinamismo acima do esperado na atividade e maior abertura do hiato do produto, “o que exige uma política monetária ainda mais contracionista”.

No comunicado, a autarquia argumentou que a decisão de elevar os juros básicos em 1 ponto na reunião desta semana é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante.

Após a apresentação de medidas de contenção de despesas pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, que não foram bem recebidas pelo mercado, a autoridade monetária alertou para o efeito gerado pelo anúncio e sua consequência para a inflação.

"A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa", disse.

Com o ajuste desta quarta, a Selic atingiu o maior nível desde dezembro de 2023, quando também estava em 12,25% em meio a um ciclo de cortes nos juros. O Copom reiniciou o ciclo de alta nos juros básicos em setembro, quando elevou a Selic em 0,25 ponto percentual, e fez nova elevação em novembro, de 0,50 ponto.

A decisão desta quarta divergiu da expectativa de mercado captada em pesquisa da Reuters, na qual 31 de 40 economistas entrevistados na última semana projetavam que o BC elevaria a Selic em 0,75 ponto. Bancos de grande porte, como Itaú e JP Morgan, e o mercado de juros, contudo, já apostavam em um aumento mais forte, de 1,00 ponto.

Desde a última reunião do Copom, as expectativas de mercado para os preços à frente seguiram desancoradas, fator tratado enfaticamente com preocupação pela autarquia, com a previsão para o IPCA de 2025 no boletim Focus passando de 4,03% para 4,59% entre novembro e esta semana.

O próprio BC piorou nesta quarta suas projeções de inflação em relação a novembro, com estimativas passando de 4,6% para 4,9% em 2024 e de 3,9% para 4,5% em 2025, considerando o cenário de referência, que segue as projeções de mercado para a trajetória dos juros. Para o segundo trimestre de 2026, atual horizonte relevante da política monetária, a projeção passou de 3,6% para 4,0%.

Para as projeções do cenário de referência divulgadas nesta quarta, o Copom considerou uma taxa de câmbio que parte de 5,95 reais, acima dos 5,75 reais usados na reunião de novembro.

O centro da meta contínua para a inflação neste e nos próximos anos é de 3%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

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