Assessores de Biden vão ao Oriente Médio em missão diplomática sobre Síria e Faixa de Gaza
Por Simon Lewis e Matt Spetalnick
WASHINGTON (Reuters) - Os principais assessores do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, viajaram nesta quarta-feira para o Oriente Médio para intensificar os esforços por um cessar-fogo na Faixa de Gaza e pela libertação de reféns, além de buscar assegurar uma transição tranquila na Síria após a queda de Bashar al-Assad.
O secretário de Estado, Antony Blinken, visita a Jordânia e a Turquia, enquanto o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, passará por Israel, Catar e Egito nos próximos dias, afirmaram autoridades norte-americanas.
A viagem pode ajudar a estabelecer o legado de Biden em um turbulento Oriente Médio nas últimas semanas de seu mandato, antes de o ex-presidente Donald Trump retornar à Casa Branca, no dia 20 de janeiro. Não está claro, contudo, o tamanho da influência que Biden mantém na região para obter os acordos antes de deixar o poder.
Autoridades do governo atualizam assessores de Trump sobre os esforços diplomáticos, embora neguem que estejam fazendo qualquer tipo de coordenação com o governo que começará em janeiro.
Uma das prioridades dos assessores de Biden será o futuro da Síria, onde milícias da oposição derrubaram Assad no fim de semana, encerrando uma dinastia de 50 anos de sua família com uma tomada de poder impressionantemente rápida, em apenas 13 dias.
Blinken, que visitará Aqaba, na Jordânia, e Ancara, na Turquia, até sexta-feira, pretende "reiterar o apoio dos Estados Unidos a uma transição inclusiva e liderada pelos sírios, para um governo responsável e representativo", informou o Departamento de Estado.
O governo Biden, assim como outras administrações da região e do Ocidente, tem enfrentado dificuldades para estabelecer contato com os grupos rebeldes sírios, incluindo a facção Hayat Tahrir al-Sham (HTS), antiga aliada da Al Qaeda e considerada uma organização terrorista pelos EUA, União Europeia, Turquia e Organização das Nações Unidas (ONU).
Os norte-americanos também tentam obter progresso para encerrar a guerra na Faixa de Gaza, que já dura 14 meses, e conseguir a soltura dos reféns que permanecem sob poder do grupo militante Hamas, apoiado pelo Irã.
Trump alertou na semana passada que haveria um "inferno a pagar" no Oriente Médio caso os reféns não fossem libertados antes de sua posse, em janeiro.
O governo Biden espera que o recente acordo de cessar-fogo entre Israel e Hezbollah, no Líbano, assim como a queda de Assad, um aliado de Teerã, possam ajudar na construção de um acordo na Faixa de Gaza.
"O Hamas tem que olhar para o mundo hoje e se dar conta de que a cavalaria não virá para resgatá-los", afirmou o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, na terça-feira.
"Pode-se esperar que os acontecimentos na Síria reforcem para eles o fato de estarem crescentemente isolados, e por isso precisam de um acordo."
A viagem de Sullivan não "sugere que estamos próximos da conclusão ou que temos algo a acertar", mas o objetivo é avançar o máximo possível, disse uma autoridade dos EUA que preferiu não ser identificada.
Sullivan irá se encontrar com líderes israelenses na quinta-feira e depois segue para o Catar e o Egito.
(Reportagem de Simon Lewis e Matt Spetalnick, reportagem adicional de Steve Holland em Washington e Nidal al-Mughrabi no Cairo)