Tiro nas costas, criança morta, jogado de ponte: PM escala violência em SP
A PM de São Paulo tem registrado uma escalada de violência nos últimos dias, que incluem um assassinato com tiro pelas costas de um agente de folga, uma criança de 4 anos que morreu ao ser baleada em meio a uma ação policial na Baixada Santista, e um vídeo mostrando um homem sendo jogado de uma ponte em uma abordagem.
O que aconteceu
Rocam envolvida em casos de agressão e espancamento após perseguições. Só no último domingo (1º), agentes que fazem rondas com apoio de motos se envolveram em dois episódios de violência policial.
Na zona norte da capital paulista, um PM foi filmado dando socos e chutes em um motociclista. A gravação mostrou ainda a mulher que estava na garupa sendo puxada por um policial. Antes das agressões, o motociclista havia colidido e derrubado a moto de um policial enquanto tentava escapar. Questionada, a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) não informou se os agentes foram identificados ou afastados.
Também neste domingo, outra perseguição da Rocam terminou com um jovem sendo jogado de uma ponte na zona norte de São Paulo. A informação foi omitida no registro policial feito pelos agentes envolvidos no caso, segundo apurou o UOL. A vítima, que escapou da abordagem policial ao conduzir uma moto sem placa, sofreu ferimentos leves. A SSP-SP afastou 13 policiais envolvidos na ocorrência.
Vídeo gravou PM de folga matando jovem negro com tiro pelas costas. Gabriel Renan da Silva Soares foi assassinado por Vinicius de Lima Britto no dia 3 de novembro no Jardim Prudência, zona sul de São Paulo. O policial militar foi afastado da corporação. A Polícia Civil investiga o caso.
Não houve abordagem ou voz de prisão, simplesmente oito tiros em legítima defesa do racismo e do capital dos grandes conglomerados de exploradores. Não será mais um número estatístico.
Rapper Eduardo Taddeo, tio da vítima
Filho de 4 anos de vítima da Operação Verão foi morto a tiros em meio a uma ação policial em Santos. Ryan da Silva Andrade Santos, 4, era filho de Leonel Andrade, homem fotografado de muletas e sentado na calçada, um hora antes de ser morto há 10 meses. Segundo a PM, sete policiais envolvidos na ação foram afastados das ruas.
Perdi o marido e meu filhinho de 4 anos para a violência policial. Estou arrasada, eu perdi um pedaço de mim.
Beatriz da Silva Rosa, mãe de Ryan e esposa de Leonel
Onda de violência ocorre em meio a resolução para criar ouvidoria própria da SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo). Entidades de direitos humanos entendem que com o novo ouvidor, indicado pelo próprio secretário Guilherme Derrite, haverá risco de impunidade à violência policial.
O que dizem os especialistas
Isso é fruto de uma política de morte e vingança, constantemente legitimada pela maior autoridade de Segurança Pública do Estado, que é a SSP.
Claudio Silva, ouvidor das polícias de SP
O que nós devemos esperar? A segurança pública precisa ser urgentemente assunto de civis. A institucionalidade dos debates de segurança pública precisa ser apropriada. A polícia [de São Paulo] submete as pessoas que tratam como periféricos, pobres e negros, como em cidadãos de terceira classe de segunda categoria
Paulo César Ramos, autor do livro Gramática negra contra a violência de Estado
O governador de São Paulo [Tarcísio de Freitas] tem esse compromisso de fazer uma revisão. Se não fizer, não saberemos o que acontecerá. Se não houver uma medida preventiva, sabemos que isso [violência policial] continuará acontecendo
José Vicente da Silva Filho, coronel da reserva da PM-SP