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Policial que passou informações sobre Lula será processado, diz chefe da PF

Agente da PF Wladimir Matos Soares, acusado de vazar informações sobre Lula - Divulgação/SinPF/SP
Agente da PF Wladimir Matos Soares, acusado de vazar informações sobre Lula Imagem: Divulgação/SinPF/SP
do UOL

Do UOL, em Brasília

04/12/2024 12h00Atualizada em 04/12/2024 12h00

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, negou nesta quarta-feira (4) que o policial preso por envolvimento na trama golpista para impedir a posse de Lula fizesse parte de sua equipe que cuidava da segurança do petista em 2022 e afirmou que ele responderá a um processo disciplinar na corporação.

O que aconteceu

Fora da equipe direta de Lula. Questionado sobre as suspeitas de infiltração na corporação, Andrei Rodrigues explicou que o agente Wladimir Matos Soares, preso na semana passada, não atuou diretamente na segurança de Lula em 2022. O diretor-geral da PF falou sobre o caso em café da manhã com jornalistas.

Agente foi identificado nas investigações sobre golpe e indiciado. A PF aponta que ele vazou informações sensíveis sobre segurança de Lula na época da transição e que teria se colocado à disposição para um eventual golpe. Wladimir Matos Soares, 53, é apontado como peça-chave no vazamento de informações sensíveis da segurança do petista para o grupo que planejava um golpe de Estado.

PF encontrou mensagens do agente com outros suspeitos repassado informações sobre segurança de Lula. Segundo o chefe da PF, porém, Soares havia sido designado para atuar na segurança de prédios onde estavam outros chefes de Estado que vieram acompanhar a cerimônia de posse em 2022. "Nessa condição ele [Wladimir Matos Soares] circulava em vários locais e um dos locais que ele circulou foi o prédio onde estava o presidente Lula, o presidente eleito, e aí passou as informações pro pessoal da Abin", explicou. Servidores da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), de forma ilegal, reuniram dados para municiar um plano de assassinato de Lula, do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Andrei Rodrigues foi o responsável pela segurança pessoal do petista no período eleitoral e durante a transição. Segundo ele, na campanha de 2022 sua equipe conseguiu prender mais de 30 pessoas por diferentes crimes.

Para o diretor-geral, este episódio foi o único de infiltração identificada na corporação. Diante disso, além do processo criminal, Wladimir Soares responderá também a um procedimento disciplinar interno na corporação. Este tipo de procedimento pode levar à sua eventual expulsão.

Segundo o relatório da PF, Soares fazia parte de um grupo que arquitetava o chamado 'Plano Punhal Verde Amarelo'. Esse esquema incluía ações para neutralizar autoridades e impedir a posse de Lula, utilizando métodos que iam desde monitoramento clandestino até envenenamento.

Soares repassou informações sensíveis, incluindo detalhes sobre os responsáveis pela segurança de Lula, diz a PF. Em uma mensagem interceptada, ele compartilhou dados do delegado Cleiber Malta Lopes, coordenador da posse presidencial, acompanhado do comentário: "Petista e baba ovo do Alckmin".

Em áudios analisados pela PF, o agente relatava ações e estratégias em curso. Ele mencionou o posicionamento do COT (Comando de Operações Táticas) nas proximidades do Hotel Meliá, na região central de Brasília, próximo ao Eixo Monumental, além de outros detalhes operacionais sigilosos. A investigação identificou que essas informações poderiam ser usadas para ataques ao presidente e sua equipe.

Um áudio enviado por Soares a Sérgio Cordeiro, assessor de Jair Bolsonaro (PL), revelou detalhes importantes sobre a atuação da equipe de segurança. Ele informou que, devido à tentativa de invasão da sede da Polícia Federal em 12 de dezembro, uma equipe do COT foi mobilizada para proteger Lula. No áudio, o agente detalha:

Eles acionaram a equipe do COT. E uma equipe do COT, como o Lula estaria ali no prédio, né, do Meliá, uma equipe do COT ficou à disposição, próxima. Então, eles hospedaram essa equipe do COT aqui no Windsor.
Wladimir Matos Soares

Além de fornecer informações operacionais, o áudio também mostra sua disposição em apoiar os golpistas. Ele conclui: "Vamos torcer, meu irmão. Tamo aqui nessa torcida. Essa porra tem que virar logo. Não dá pra continuar desse jeito não, irmão. Vamos nessa. Eu tô pronto".

Entre as mensagens obtidas, Soares demonstrou alinhamento com o plano golpista. Em uma delas, escreveu: "Eu e minha equipe estamos com todo equipamento pronto para ir ajudar a defender o palácio e o presidente (Bolsonaro). Basta a canetada sair".

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