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O que aconteceu na Coreia do Sul e quais os próximos passos?

04/12/2024 09h13

O presidente Yoon Suk Yeol mergulhou a Coreia do Sul no caos político ao impor a lei marcial e enviar o Exército ao Parlamento, antes de ser ver obrigado a desistir da medida. 

A AFP examina como se desenvolveu a crise em um país onde a democracia era considerada firme e o que pode acontecer agora que a oposição pediu o impeachment de Yoon. 

- O que a declaração do presidente afirma? -

O anúncio feito por Yoon na noite de terça-feira pela televisão marca a primeira vez em mais de quatro décadas que a lei marcial foi imposta no país de 52 milhões de habitantes.

A suspensão do comando civil foi para "salvaguardar uma Coreia do Sul liberal das ameaças que as forças comunistas da Coreia do Norte representam", disse Yoon em uma mensagem solene. 

Logo depois, um decreto do comandante do Exército, o general Park An-su, proibiu a atividade política e as festas, a "propaganda falsa", as greves e "reuniões que incitem a agitação social". 

Os meios de comunicação também ficaram sob a autoridade da lei marcial. 

- O que aconteceu no Parlamento? -

As forças de segurança bloquearam a Assembleia Nacional com quase 300 soldados, ao que parece para impedir a entrada dos deputados. 

Os funcionários do Parlamento impediram a entrada dos soldados com cadeiras e extintores, enquanto alguns deputados, pulando as barricadas, conseguiram entrar e votaram a anulação da lei marcial. 

A decisão foi comemorada por milhares de manifestantes que desafiaram o frio intenso da noite, muitos deles pedindo a prisão de Yoon.

- O que Yoon fez? -

Após várias horas de tensão, Yoon apareceu novamente na televisão às 4h30 (16h30 de terça-feira em Brasília) e revogou a lei marcial. 

"Há pouco, a Assembleia Nacional pediu para suspender o estado de emergência e retiramos os militares mobilizados para as operações da lei marcial", anunciou. 

O paradeiro deles é desconhecido desde então.

- O que explica o comportamento de Yoon? -

Yoon é um presidente enfraquecido desde que o Partido Democrático, oposição, conquistou a maioria nas eleições legislativas de abril.

A oposição cortou quase 4,1 trilhões de won (US$ 2,8 bilhões ou R$ 16 bilhões) do orçamento de 2025, "todos os orçamentos essenciais para as funções básicas do país", de acordo com o presidente.

Contudo, de acordo com Gi-Wook Shin, professor da Universidade de Stanford, as dificuldades, combinadas com uma investigação sobre sua esposa e seus baixos índices de popularidade, não justificam a imposição da lei marcial.

A medida drástica "geralmente é reservada para situações como guerra, emergências ou outras preocupações semelhantes que ameaçam a segurança nacional", disse Shin à AFP.

- O que deve acontecer com Yoon? -

Seis partidos da oposição apresentaram uma moção de censura para destituir o presidente, que poderá ser votada na sexta-feira.

A oposição tem ampla maioria no Parlamento de 300 cadeiras e precisa apenas de alguns votos do partido governista para alcançar a maioria necessária de dois terços.

Se a moção de censura for aprovada, Yoon será suspenso até uma decisão da Corte Constitucional em 180 dias. Nesse meio tempo, o primeiro-ministro assumirá a presidência.

Se Yoon sofrer o impeachment, novas eleições presidenciais deverão ser realizadas em 60 dias.

- Qual foi a reação internacional? -

A Coreia do Sul é um importante aliado do Ocidente e um importante baluarte democrático em uma região dominada por regimes autoritários.

Os Estados Unidos expressaram "alívio" com a retirada da lei marcial, mas disseram esperar que "as divergências políticas sejam resolvidas pacificamente e de acordo com a lei".

A China, um importante aliado da Coreia do Norte, pediu que seus cidadãos permanecessem cautelosos, enquanto a Rússia, cada vez mais próxima de Pyongyang, descreveu a situação como "alarmante".

O Japão, que se aproximou mais de Seul durante o governo de Yoon, disse que estava acompanhando a situação com "preocupação grave e excepcional".

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© Agence France-Presse

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