NY e commodities são incapazes de animar o Ibovespa, em meio a elevado temor fiscal
A demonstração de cautela no câmbio e nos juros reflete no Ibovespa nesta quarta-feira, 4, em meio ao temor de que o desenrolar do pacote de corte de gastos no Congresso não seja dos mais fáceis. O dólar segue acima dos R$ 6,00 e os juros futuros avançam.
A agenda do dia também requer atenção. No Brasil foi divulgada a produção industrial de novembro sugerindo, no geral, arrefecimento da atividade no fim do ano, após o PIB forte do terceiro trimestre. Ainda assim, é insuficiente para animar o Índice Bovespa, dado que a curva futura já tem precificado Selic terminal a 15%. Nos EUA, os rendimentos dos Treasuries avançam apesar da geração de vagas no setor privado americano em outubro menor do que a esperada.
"Hoje não tem nenhuma grande indicador, só a pesquisa ADP que veio com um resultado mais baixo do que o previsto. Aqui teve a produção industrial sugerindo desaceleração quarto trimestre. Isso deveria aliviar a curva no Brasil pelo menos nos contratos mais curtos, mas está abrindo. Tem um pouco a ver com o fiscal", avalia Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial de outubro caiu 0,2% ante setembro, contrariando a mediana de alta de 0,1%. Em relação a outubro de 2023, houve aumento de 5,8% - pouco abaixo da mediana de 6,0%.
O estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, refroça que os investidores permanecem preocupados com os desdobramentos dos debates sobre o pacote de corte de gastos, diante de sinais de resistência do Centrão.
Por isso, a tramitação na Câmara do plano de redução de despesas fica no foco dos investidores. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), protocolou dois requerimentos de urgência para o pacote. As urgências enfrentam resistência. Nos bastidores, líderes de bancadas indicam insatisfação com as novas exigências do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a execução das emendas parlamentares.
Já o senador Eduardo Braga (MDB-AM), relator do projeto de regulamentação da reforma tributária, disse ontem que o esforço será por apresentar o relatório na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta quarta-feira.
A despeito do anúncio do plano de corte de gastos pelo governo, Larissa ressalta que isso tem sido incapaz de animar os investidores. "As cartas estão na mesa. Infelizmente a visibilidade do pacote não foi bem vista, devido a seu formato, por ter sido feito o anúncio junto a proposta de isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. Tudo isso passa uma mensagem ruim, indicativo de que o ajuste ficará para 2027", afirma.
Ontem, o Ibovespa fechou com alta de 0,72%, aos 126.139,20 pontos. "Seria bom fixar o nível acima dos 126 mil pontos, 127 mil pontos, mas depende do Congresso para acalmar os investidores", avalia Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil, ao referir-se aos debates e votações a respeito do pacote de corte de gastos.
Às 11h20, o Ibovespa subia 0,10%, aos 126.260,80, ante mínima aos 125.907,01 pontos (-0,18%), após máxima dos 126.440,40 pontos, quando avançou 0,24%, nível de pontuação perto da abertura (126.139,09 pontos). O dólar à vista subia 0,05%, a R$ 6,0602.
Petrobras subia entre 0,23% (PN) e 0,58% (ON), com o petróleo avançando em torno de 0,50%. Vale tinha queda de 0,36%, apesar da elevação de 0,43% do minério de ferro, na sessão em Dalian, na China.