Haddad reclama de 'interesses particulares' e vê exagero em críticas
Fernando Haddad (PT) disse que dólar acima de R$ 6, alta de juros e demais efeitos negativos ao ajuste fiscal são exagerados. Ele ainda reclamou que grupos dominantes impõem interesses menores.
O aconteceu
O ministro da Fazenda declarou que há divergência no próprio mercado. Haddad falou que bancos focados na intermediação financeira não reagiram de forma ruim. As críticas partiram de instituições que gerem fundos de patrimônio de pessoas mais ricas na avaliação do comandante da Fazenda.
Ele afirmou que o governo tenta criar um estado que não seja "capturado por classes dominantes. O ministro afirmou que estes grupos têm capacidade de pressão política e obtém benefícios que prejudicam o restante da sociedade.
Haddad usou o pagamento de impostos como exemplo. "Nós sabemos que existem cidadãos que, por uma série de artifícios de planejamento tributário, conseguem ter alta renda sem pagar IR (Imposto de Renda). E cidadãos que estão na CLT não conseguem sair das malhas do fisco."
A declaração ocorre num momento em que a mudança no IR causa polêmicas. O pacote de cortes enviado ao Congresso prevê pagamento de 10% de taxas a pessoas com renda mensal acima de R$ 600 mil por ano.
Os recursos bancariam isenção do IR para quem recebe até R$ 5 mil mensais. A medida foi chamada de populista, o que Haddad refuta. Ele argumenta que haverá justiça social e ressalta que a medida não representa aumento de arrecadação.
O ministro atribuiu a grupos de interessa a demora de 40 anos na reforma tributária. Ele afirmou que a capacidade de pressionar integrantes do Executivo, Legislativo e Judiciário rende benefícios setoriais e engessam o avanço nacional.
É muito difícil que os interesses menores, os interesses particulares não atravessem o samba, não prejudiquem as mudanças institucionais que o Brasil precisa,
Fernando Haddad
Defesa do pacote fiscal
Haddad afirmou que muitos bancos têm dito que o corte de gastos está sendo subestimado. O dólar disparou desde o anúncio feito na semana passada. "Não me parece que as medidas de contenção de gastos são irrelevantes como alguns querem fazer parecer ser".
Ele ressaltou que o pacote alterou pontos cruciais da economia. Citou a mudança na indexação do salário mínimo, que respeitará o teto do arcabouço fiscal. Mencionou também as novas regras para BPC e abonos.
O ministro declarou que o ajuste ocorre para manter a trajetória de crescimento. Haddad citou os 4% de crescimento anual e afirmou que as medidas criam as condições para manter este ritmo.
Ele ainda elogiou a decisão do STF sobre as emendas. Para Haddad, é correto limitar o crescimento desta despesa ao arcabouço fiscal.
O Congresso foi lembrado na hora de comentar incentivos fiscais. O ministro disse que haveria o melhor resultado primário desde 2013 se não houvesse a prorrogação da isenção da folha e do Perse, programa que cobra menos impostos do setor de eventos por causa da pandemia.