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Coreia do Sul: Lei marcial causou massacre de estudantes em 1980

Em maior de 1980, cerca de 200 estudantes foram assassinados por militares durante a aplicação da lei marcial pelo general Chun Doo-hwan - Reprodução/KBS News
Em maior de 1980, cerca de 200 estudantes foram assassinados por militares durante a aplicação da lei marcial pelo general Chun Doo-hwan Imagem: Reprodução/KBS News
do UOL

Do UOL, em São Paulo

04/12/2024 05h30

A tentativa do presidente da Coreia do Sul, Han Dong-hoon, de implantar a lei marcial no país, nesta quarta-feira (3) (horário de Brasília), trouxe aos coreanos lembranças dolorosas do que ficou conhecido como o Massacre de Gwangju.

O que aconteceu

Em maio de 1980, cerca de 200 estudantes foram assassinados por militares durante a aplicação da lei marcial pelo general Chun Doo-hwan. Eles protestavam na cidade de Gwangju contra o governo militar, que chegou ao poder após o assassinato de outro ditador, o presidente Park Chung Hee, em outubro de 1979.

Naquele mês, Chun expandiu a lei marcial para todo o país devido a uma suposta tentativa de invasão da Coreia do Norte. Segundo o site sul-coreano NK News, o general argumentou que os norte-coreanos fariam a invasão em meio aos protestos estudantis.

A repressão deixou outros milhares feridos, de acordo com o centro de pesquisa Wilson Center.

O atual presidente da Coreia do Sul tentou implantar a lei no dia seguinte à decisão da Suprema Corte sul-coreana de indenizar as vítimas do massacre. Segundo o jornal The Korea Times, a corte superior confirmou as decisões de tribunais inferiores a favor da indenização por danos psicológicos para centenas de vítimas da repressão em 1980.

O governo foi condenado a pagar o equivalente a R$ 185,7 milhões a 854 vítimas relacionadas aos protestos. Famílias de alvos do massacre fazem parte dos beneficiados pela decisão.

Lei suspensa

Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol - Philip Fong via REUTERS - Philip Fong via REUTERS
Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol
Imagem: Philip Fong via REUTERS

O presidente da Coreia do Sul anunciou que suspenderia a lei marcial após a Assembleia Nacional aprovar a revogação da medida. Segundo o jornal The Korea Herald, 172 parlamentares de oposição e 18 membros da base do governo votaram a favor da revogação.

No comunicado, Yeol reforçou o pedido para que a oposição não dê prosseguimento aos pedidos de impeachment. "Peço à Assembleia Nacional que cesse imediatamente as repetidas tentativas de impeachment, manipulação legislativa e abuso orçamentário que paralisaram as funções do Estado", afirmou o presidente.

A lei marcial é uma medida adotada em cenários de guerra. O presidente usou a justificativa de um esforço para proteger o país de ameaças impostas por "forças comunistas" e eliminar elementos "antiestatais" no território sul-coreano.

A medida altera as regras de funcionamento de um país, deixando de lado as leis civis e colocando em vigor leis militares. As principais consequências da lei marcial são a suspensão de parte ou de todas as liberdades fundamentais dos cidadãos que moram na área afetada.

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