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Dólar cai e Bolsa sobe após Haddad reafirmar compromisso com meta

"Teve gente que teve que ser medicada", diz Haddad - Reprodução/Record News
"Teve gente que teve que ser medicada", diz Haddad Imagem: Reprodução/Record News
do UOL

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL

04/12/2024 10h39Atualizada em 04/12/2024 16h01

O dólar passou a cair e Bolsa de Valores subiu quarta-feira (04) depois que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad o compromisso do governo em cumprir a meta fiscal para 2024 e 2025. Tanto o câmbio, quanto o mercado de ações haviam iniciado o dia oscilando em torno da estabilidade.

O que está acontecendo

Por volta de 16h, o dólar comercial era negociado em queda de 0,32%, vendido a R$ 6,037. O turismo era vendido com desvalorização de 0,06%, para R$ 6,293.

A Bolsa de Valores de São Paulo tinha estabilidade (0%). O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, permanecia em 126.213 pontos.

O câmbio oscilou bastante durante a manhã, mas firmou em queda há pouco depois que o ministro falou da meta fiscal. Ele se pronunciou durante o Fórum Jota - o Brasil em 10 anos, realizado em Brasília. "Não vou ignorar que teve gente que teve que ser medicada durante o ano para conseguir atingir esse objetivo. O povo lá trabalhou e cumpriu (a meta para 2024) e vai cumprir o ano que vem de novo", disse.

Eu preciso convencer o governo de que é preciso tomar medidas de contenção para evitar esse tipo de coisa, e é o que eu estou fazendo. Aliás, não estou falando de agora, desde antes da posse do presidente Lula, eu falo para quem quiser ouvir, falo dentro do PT, falo no Jornal Nacional, falo fora do PT, falo no mercado financeiro

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad

Ele criticou o nível de gasto tributário e falou sobre as ações de transparência que o governo está promovendo, como divulgar por CNPJ as empresas que recebem benefícios fiscais.

Há uma semana, o governo brasileiro divulgou um pacote de medidas para diminuir seus gastos em R$ 70 bilhões em dois anos. O pacote desagradou os investidores, que acharam o montante insuficiente para reequilibrar as finanças públicas. A ideia de anunciar, ao mesmo tempo, a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês também caiu mal no mercado.

A expectativa é de que o dólar encerre o ano cotado a R$ 5,80, segundo André Valério, economista sênior do Inter. "Não vemos as condições necessárias para que o real aprecie de maneira consistente", afirma. "Por isso temos o câmbio oscilando ao redor dos R$ 6,05, devolvendo uma parte dessa reação inicial, a meu ver exagerada, mas ainda reagindo à incerteza do processo da proposta de emenda à Constituição (PEC) no Congresso."

O líder do governo na Câmara, José Guimarães, protocolou ontem à noite dois requerimentos de urgência para o pacote fiscal. As urgências já tinham sido pautadas para a sessão dessa terça pelo presidente do Congresso, Arthur Lira.

Produção industrial

A produção industrial em outubro subiu 5,8% em relação ao mesmo mês do ano passado e caiu 0,2% ante setembro, quando houve forte expansão de 1,1%. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta manhã. O mercado esperava alta de 0,1% na comparação com o mês anterior.

Por que isso é importante?

Na terça-feira (03), o IBGE mostrou que a economia brasileira cresceu 4% no terceiro trimestre de 2024, em relação ao mesmo período do ano passado. O consumo das famílias foi o fator que mais ajudou na alta. O problema é que se a demanda do consumidor crescer, mas a indústria não acompanha, a oferta cai. Isso provoca inflação.

Por isso, as expectativas de juros futuros aumentaram e bateram em 15% ao ano nesta terça. Isso é ruim para a Bolsa, que perde investimentos para renda fixa. Hoje, para janeiro de 2027, a taxa DI avançava para 14,39%.

O atenuante é que, desta vez, houve aumento dos investimentos, com avanço de 2,1% neste trimestre em relação aos três meses anteriores. Para os economistas, crescimento alavancado por investimentos ajuda a criar capacidade instalada (maquinário, tecnologia) para que o país continue com um desenvolvimento sustentado. A questão é que, até que o investimento resulte em produção, isso pode demorar. E tem também os juros altos, que atrapalham os investimentos.

Nos EUA

Os gastos com folha de pagamento do setor privada foram menor do que o esperado em novembro, refletindo uma desaceleração do mercado de trabalho, de acordo com o relatório divulgado às 10h15 pela empresa ADP. A alta foi de 146 mil vagas no mês, abaixo dos 184 mil revisados para baixo em outubro e menos do que a estimativa do mercado de 163 mil.

Mas o índice de gerente de compras (PMI) de serviços dos Estados Unidos teve o maior crescimento em novembro desde março de 2022. O índice subiu para 56,1 pontos. O número veio acima dos 55 registrados em outubro e da marca de 50, que indica expansão econômica.

Esses dados são importantes porque ajudam o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a definir as taxas de juros. Um mercado de trabalho em contração pode indicar um corte de 0,25 ponto base nas taxas. Isso é bom para o Brasil, pois com juros menores, os investidores poderiam procurar ganhos melhores em países onde esse patamar é bem mais alto, embora haja riscos.

Mas a atividade acelerando pode fazer o Federal Reserve manter as taxas. Jerone Powell, presidente do Fed, fala em evento do New York Times nesse momento. "Não chegamos ainda lá, mas estamos quase com a inflação em controle", disse ele há pouco. Às 16h, sai o Livro Bege, relatório do banco sobre juros e economia.

Com Agência Estado

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