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Crescimento do PIB do Brasil desacelera no 3º tri mas investimento e consumo das famílias são destaques

03/12/2024 09h11

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil desacelerou no terceiro trimestre de 2024 em relação aos três meses anteriores, mas ainda mostrou uma economia aquecida mesmo diante da política monetária contracionista, com destaque para os investimentos e o consumo das famílias.

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A economia brasileira expandiu 0,9% no terceiro trimestre na comparação com os três meses anteriores, mostraram dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.

A leitura mostrou enfraquecimento ante taxas de crescimento de 1,4% e 1,1 respectivamente no segundo e no primeiro trimestres --este último em dado revisado de 1,0% informado antes.

O resultado do terceiro trimestre ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters com economistas.

“A taxa de 0,9% agora pode ser algum sinal de desaceleração da economia, mas nada relevante. O que ainda puxa o PIB é o mercado de trabalho, renda, massa salarial e mesmo a inflação, que não está em nível muito alto. A política de transferência de renda também é um impulso para a economia", disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

Na comparação com o segundo trimestre de 2023, o PIB teve alta de 4,0%, contra expectativa de 3,9% nessa base de comparação.

No acumulado do ano até setembro, o Brasil acumula crescimento de 3,3% em relação ao mesmo período de 2023. O IBGE também revisou a expansão do PIB brasileiro em 2023 a 3,2%, de 2,9% antes.

A atividade econômica brasileira vem mostrando resiliência com resultados que têm surpreendido, devido principalmente a um mercado de trabalho forte com ganhos de renda, além de melhores condições de crédito e impulsos fiscais.

Esse vigor tem levado a sucessivas revisões para cima nas expectativas para o ano, mas traz junto um risco inflacionário. O Banco Central deu início a um ciclo de aperto monetário e deve voltar a elevar a taxa básica de juros Selic, atualmente em 11,25%, na última reunião do ano, na próxima semana.

"O maior impulso fiscal desde 2023, via aumento de gastos do governo, vem contribuindo para o forte crescimento do PIB nos últimos dois anos. E esse crescimento mais acelerado da economia já está no radar do Banco Central e não deve mudar a trajetória de nova alta na Selic esperada nas próximas reuniões do Copom", disse Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, que prevê aumento de 0,75 ponto percentual na Selic neste mês.

INVESTIMENTOS

O terceiro trimestre foi marcado por resultados positivos quase generalizados. No lado das despesas, o destaque foi a expansão de 2,1% frente ao trimestre anterior na Formação Bruta de Capital Fixo, uma medida de investimento, que manteve força depois de expandir 2,2% no segundo trimestre, ainda que com perda de força após salto de 4,5% nos três primeiros meses do ano.

"No caso da FBCF, temos observado uma forte expansão desde o início do ano, em função das melhores condições de crédito e de demanda, o aumento da confiança dos empresários e alguns efeitos do PAC", destacou Rafael Perez, economista da Suno Research, em referência ao Programa de Aceleração do Crescimento do governo.

Já os gastos das famílias cresceram 1,5% no período, mantendo o ritmo forte depois de aumentos de 2,5% e 1,4% nos dois primeiros trimestre do ano, sempre na comparação com o trimestre anterior.

As despesas do governo, por sua vez, avançaram 0,8%, voltando a crescer após retração de 0,3% no segundo trimestre.

"O consumo das famílias e do governo está no recorde da série histórica. O governo, como agente econômico e como agente de transferência de renda, tem tido papel importante para a performance da economia", disse Palis.

No lado da produção, o maior avanço veio de serviços -- setor que responde por cerca de 70% da economia do país -- com uma taxa de 0,9%, repetindo a taxa do trimestre anterior.

A indústria também apresentou expansão, de 0,6%, mas mostrou forte desaceleração em relação ao avanço de 1,6% visto entre abril e junho. A agropecuária teve retração de 0,9%, menor do que a taxa negativa de 1,3% do segundo trimestre.

No setor externo, as exportações de bens e serviços tiveram desempenho negativo de 0,6%, enquanto as importações cresceram 1,0% mesmo com a desvalorização cambial, o que pesou no PIB do terceiro trimestre.

O Ministério da Fazenda elevou em novembro sua projeção para o crescimento econômico do Brasil em 2024 a 3,3%, ante estimativa anterior de 3,2%, prevendo também um nível mais alto de inflação à frente. Após a divulgação do dado do terceiro trimestre, a pasta informou que deve aumentar novamente sua estimativa para o ano.

Já o BC divulgará suas novas estimativas em 19 de dezembro --a última projeção é de crescimento de 3,2% este ano. O mercado espera um crescimento de 3,22%, segundo a mais recente pesquisa Focus do BC.

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