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Cirurgia de nariz ameaça presidência de Dina Boluarte no Peru

03/12/2024 22h12

Uma cirurgia de nariz da presidente do Peru, Dina Boluarte, desatou nesta terça-feira uma intensa polêmica que pode levar o Congresso a destitui-la, ao alegar que pôs em perigo a governabilidade do país por não delegar o cargo.

A cirurgia de Boluarte, de 62 anos, era a conversa diária nas redes sociais e na imprensa local desde julho de 2023, mas foi recém confirmada quando seu ex-chefe de gabinete Alberto Otárola o revelou perante uma comissão do Congresso.  

"Me disse que ia fazer uma rinoplas... uma intervenção no nariz, mas por problemas de respiração", disse Otárola nesta terça a parlamentares que averiguam o caso.

A comissão de fiscalização do Congresso busca averiguar o que aconteceu com Boluarte entre 28 de junho e 10 de julho de 2023, quando se ausentou de todos os compromissos. Esse lapso coincide com sua cirurgia, realizada em uma clínica em Lima, informaram meios locais. 

O ex-chefe de gabinete detalhou que, durante sua recuperação, Boluarte realizou seus trabalhos de maneira virtual.

"Não houve nenhuma ausência de poder nesse momento, porque o procedimento cirúrgico não teve maiores complicações", acrescentou Otárola, a quem Boluarte destituiu em março. 

Segundo a imprensa local, a presidente se submeteu a uma cirurgia facial sem informar nem delegar poderes ao Congresso.

Segundo alguns parlamentares e juristas, Boluarte teria cometido uma infração constitucional, passível de ser submetida a um processo de destituição ou vacância de acordo com a Constituição.

"Seria caso de vacância [...] porque a presidente deveria ter pedido permissão ao Congresso", declarou a jornalistas o legislador Juan Burgos, chefe da comissão de fiscalização.

A vice-presidente do Congresso, Patricia Juárez, minimizou a polêmica ao considerar que estão fazendo "uma tempestade em um copo d'água". 

Boluarte está há meses no fio da navalha por um escândalo de relógios de luxo que a coloca na mira do Ministério Público e a matança de 50 civis na repressão aos protestos quando assumiu o poder em 2022. 

Ela carece de bancada própria e tem uma desaprovação de quase 95% nas pesquisas. Seu mandato termina em julho de 2026. 

ljc/atm/rpr

© Agence France-Presse

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