UOL ganha menção honrosa do Prêmio Iree por revelar fuga de bolsonaristas
O UOL ganhou menção honrosa no Prêmio Iree (Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa) pela série de reportagens que revelou a fuga do país de militantes investigados e condenados pelos ataques aos Três Poderes no 8 de Janeiro.
Boa parte dos foragidos quebrou suas tornozeleiras e fugiu para o exterior — a maioria deles para a Argentina, governada por Javier Milei.
As reportagens, de autoria do repórter Eduardo Militão e da colunista do UOL em Buenos Aires, Amanda Cotrim, ganharam repercussão internacional e levaram a prisões no Brasil e na Argentina.
- Três dias após a publicação da primeira reportagem, em 14 de maio, o ministro do STF Alexandre de Moraes expediu 47 mandados de prisão contra militantes bolsonaristas.
- No final de maio, três deputados bolsonaristas foram ao Congresso da Argentina pedir apoio aos fugitivos e tentar impedir que fossem presos ou extraditados.
- Em 6 de junho, a PF deflagrou operação para prender bolsonaristas que estavam com tornozeleira em casa com risco de fuga (49 foram detidos, todos no Brasil).
- No mesmo dia, o governo Lula (PT) e o STF anunciaram a intenção de fazer pedidos de extradição à Argentina. A situação provocou um impasse entre Brasil e Argentina, enquanto dezenas de foragidos pediram refúgio político ao governo Milei.
- Em outubro, os primeiros pedidos de extradição do STF foram enviados ao governo argentino.
- Em novembro, começaram as prisões no país vizinho -- até agora cinco foram detidos. A 3ª Vara Criminal Federal de Buenos Aires ordenou a detenção de todos que estavam na lista de extradição.
O que revelou a série de reportagens
A primeira reportagem, em maio, revelou que parte dos investigados já estava condenada, mas esperava em casa — em prisão domiciliar e com tornozeleira — o desfecho dos seus recursos no STF. À medida que as condenações foram saindo, teve início um movimento de fuga em grupos para o Uruguai e para a Argentina.
O UOL revelou maneiras como os fugitivos atravessaram as fronteiras. Alguns foram de ônibus pelo Uruguai, conforme contaram em entrevista em frente à Casa Rosada.
A série ainda revelou que alguns cruzaram a fronteira em Foz do Iguaçu (PR) usando táxis e se embrenhando em matas para chegar à Argentina. Outros passaram de motocicleta pelo Paraguai antes de ingressarem em terras argentinas.
A reportagem do UOL mostrou também que foragidos na Argentina que organizaram ônibus para os ataques do 8 de Janeiro também ofereciam ajuda para outros militantes fugirem do Brasil.
Prêmio máximo vai para infiltração do PCC na política
O prêmio máximo concedido pelo Iree este ano foi para uma série de reportagens do jornal "O Estado de S.Paulo" que mostrou as relações entre facções criminosas, como o PCC, e as eleições municipais deste ano. "A série revelou a infiltração de organizações criminosas, como o PCC, nos negócios públicos", informou a organização do prêmio em comunicado.
O prêmio de jornalismo político foi para a série de "O Globo" que mostrou que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) espionou políticos, jornalistas, servidores e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro durante o governo dele.
O prêmio de jornalismo econômico foi para a série de reportagens do portal "Metrópoles" que descobriu como entidades conveniadas com o INSS descontaram R$ 2 bilhões de aposentados sem o consentimento dos idosos.