O esquema de intimidação do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) a investigadores e delegados de casos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro mostra que o objetivo era o de estabelecer um regime ditatorial no Brasil, afirmou o colunista Tales Faria no UOL News desta segunda (2).
Reportagem exclusiva do UOL revelou o conteúdo do relatório da Polícia Federal, que aponta um esquema de coação por parte do GSI, na época comandado pelo general Augusto Heleno. A iniciativa consistia em pressionar investigadores da PF com o argumento de que eles poderiam ser presos caso cumprissem "ordens ilegais" - ou seja, que atingissem aliados de Bolsonaro.
Essa matéria é muito importante porque mostra o que viria depois. O plano era instaurar uma ditadura no Brasil. Não era apenas evitar a posse do Lula.
Esse conceito que o general Heleno coloca de que a pessoa estaria ameaçada de prisão caso obedecesse a ordens ilegais, inclusive do Supremo e da Justiça, significa o seguinte: vai caber ao todo poderoso Executivo, no caso aquela comissão provisória, decidir o que é legal e ilegal e prender quem cometer atos que ele considerar ilegal. Tales Faria, colunista do UOL
Tales vê semelhanças entre todo o processo revelado pelas investigações da PF e o roteiro do golpe militar de 1964.
Esse caso do GSI está levando o próprio Bolsonaro a tentar se afastar deles. Desconfio que só agora ele se deu conta de que eles fariam um conselho militar, uma junta provisória comandada pelo Heleno e tendo como secretário-executivo o general Braga Netto para exercer transitoriamente o poder no Brasil passando por cima do STF. Segundo eles, as Forças Armadas têm o poder moderador garantido pelo artigo 142, em uma leitura absolutamente equivocada.
Estávamos com uma ditadura para ser instaurada. Não era apenas desobedecer às urnas. É bem diferente. A primeira declaração do Braga Netto, quando foram levantados esses documentos, não foi negar, mas declarar que era leal ao presidente Bolsonaro. Ficou evidente que ali havia um golpe dentro do golpe. Foi exatamente o que ocorreu em 1964.
É isso o que está desenhado nessas ordens e nessa descoberta do material do Heleno, do Braga Netto e companhia limitada. Tales Faria, colunista do UOL
Josias: Governo encena coreografia da desmoralização de pacote de Haddad
O governo Lula promove a desmoralização do pacote de corte de gastos anunciado pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad ao estudar mudanças antes mesmo de as medidas serem postas em prática, disse o colunista Josias de Souza.
Imaginava-se que esse acordo já tivesse sido firmado. O que está acontecendo, e isso é muito ruim para o Haddad, é que o governo está encenando em público uma coreografia da desmoralização. Discute-se em reuniões privadas e intermináveis. Esse pacote foi empurrado com a barriga durante semanas, desgastando o ministro da Fazenda.
Quando anunciou, o fez de forma desastrada. Um pacote econômico ganhou ingredientes político-eleitorais. Enganchou-se em um pacote de corte de despesa uma renúncia de receita, algo absolutamente necessário e plausível, mas não era hora de anunciar isso. O debate sobre essa renúncia fiscal, que importa em uma compensação que seria a tributação de brasileiros que ganham mais de R$ 50 mil por mês, só será enfrentado no ano que vem.
A isenção de tributos para quem ganha até R$ 5 mil, se vier, vigorará em 2026. Não tinha que misturar as duas estações. Corte é corte; não dá para misturar com perda de receita. Não faz nexo e isso levou a uma desconfiança em relação ao pacote anunciado.
Agora, a desconfiança é potencializada. Percebe-se, a partir de uma reação dos militares, que o pacote tem a consistência de um pote de gelatina. É flácido e pode modificar conforme os ventos. Essa coreografia é o que há de mais deletério nesse processo todo porque imaginou-se que o martelo estaria batido. Josias de Souza, colunista do UOL
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