O general Augusto Heleno nunca conteve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e, no comando do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), apostou no conflito para demonizar servidores, afirmou o colunista Reinaldo Azevedo no Olha Aqui, do Canal UOL, nesta segunda (2).
O relatório da Polícia Federal que indiciou Bolsonaro por planejar um golpe de Estado aponta que, sob o comando de Heleno, o GSI arquitetou uma tática de intimidação de investigadores que, posteriormente, foi replicada contra delegados que atuam nos inquéritos ligados ao ex-presidente no STF (Supremo Tribunal Federal), revelou a reportagem da colunista Letícia Casado, do UOL. O objetivo era pressionar investigadores da PF com argumento de que poderiam ser presos por cumprir "ordens ilegais".
[Os militares] Não só não contiveram Bolsonaro, como alguns ainda pioraram. Dando a um capitão arruaceiro, que nunca tinha conseguido ser o que pretendia ser no exército, inclusive com uma dose imensa de ressentimento, dando a ele a certeza de que se, ousasse certas aventuras, as coisas dariam certo, eles conseguiriam. E o Augusto Heleno foi um deles.
O Augusto Heleno foi aquele que apostou no conflito, apostou no confronto. E deram a ele justamente o GSI. Aí começam as investigações. Agora a gente tem evidências. Se encontraram na agenda dele um plano para pós-golpe. Lendo o parto, isso faz do perfil dele. Houve um esforço para perseguir os delegados, para demonizar os delegados.
Não me surpreende que ele tenha tido esse comportamento, que o GSI tenha tido esse comportamento. Ele [Augusto Heleno] nunca foi um moderado, sempre foi um radical. Inclusive, em conversas não exatamente privadas, com pessoas públicas, mas quando o general Heleno chegou a expressar qual era a sua visão de mundo, qual era o seu desejo do Brasil, ele sempre disse coisas um tantinho pavorosas. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
A investigação da trama golpista mostra que o general Heleno elaborou uma estrutura de novo ordenamento jurídico, a ser atualizado com a manutenção de Bolsonaro no poder. As informações sobre o plano foram encontradas pela PF em uma agenda de Heleno.
O Augusto Heleno teve uma ação horrorosa no curso do governo. E lembrar que na reunião de 5 de julho de 2022, feita para impedir a realização de eleição, ou seja, uma reunião para organizar um golpe preventivo. E o que mais entusiasticamente defendeu o golpe preventivo foi Augusto Helena. Reinaldo Azevedo
Relatório detalha plano
As anotações encontradas na agenda de Heleno trazem informações como "prisão em flagrante do delegado que se dispuser a cumprir" o que seriam ordens ilegais.
Em setembro de 2024, o UOL revelou que delegados que atuam em casos que atingem Bolsonaro foram intimidados e expostos —assim como seus familiares— em redes sociais, graças a uma campanha promovida por blogueiros e políticos bolsonaristas. Houve até mesmo tentativa de suborno e ameaça de morte a uma delegada. A mensagem dos agressores partia do princípio que os investigadores estavam cumprindo "ordens ilegais" determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Os ataques aos delegados embasaram a decisão do magistrado em agosto em suspender a rede X do Brasil, pois ela havia decidido não retirar do ar os perfis que articularam e replicaram os ataques.
Já a agenda de Heleno mostra que a nova configuração jurídica pós-golpe incluía a AGU (Advocacia-Geral da União) como revisora das ações da PF. "Em conclusão, o documento descreve que o delegado seria preso em flagrante, em caso de cumprimento de ordem judicial, que fosse declarada inconstitucional pela AGU, com força vinculante, após aprovado do presidente da República", informa o relatório da trama golpista.
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