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Quem é o tenente-coronel Hélio Lima, que tinha pendrive com plano de golpe

O tenente-coronel da ativa Hélio Ferreira Lima, um dos suspeitos de planejar assassinato de Lula, em 2022 - Reprodução
O tenente-coronel da ativa Hélio Ferreira Lima, um dos suspeitos de planejar assassinato de Lula, em 2022 Imagem: Reprodução
do UOL

Colaboração para o UOL

29/11/2024 11h46

Preso na semana passada, o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, 46, um dos indiciados pela PF no inquérito do golpe, tinha em um pendrive um documento que detalha um plano de golpe para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.

Quem é o militar

Lima é tenente-coronel da ativa no Exército Brasileiro. Ele havia sido escalado para a missão de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para fazer a segurança de chefes de Estado presentes no Rio durante a cúpula do G20. Ele foi preso pela PF no Comando Militar do Leste.

Ele é "kid preto", militar da elite do Exército. Eles são treinados para ações de sabotagem e insurgência popular, conhecidas como "operações de guerra irregular", segundo uma reportagem da revista Piauí, e usam gorros pretos nas operações —daí o nome do grupo.

Lima tem formação e experiência na área de segurança e operações especiais. Ele é graduado em Ciências Militares pela Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) e possui um MBA em Segurança pela Faculdade Unyleya. Além disso, concluiu uma especialização em Segurança e Defesa Nacional pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e participou de cursos internacionais, como o "Stage de Sécurité des Hautes Personnalités" na França e o curso de Fuerzas Especiales na Colômbia.

Sua carreira incluiu o comando da 3ª Companhia de Forças Especiais, a Força 3, unidade militar baseada na Amazônia. No dia 19 de dezembro de 2023, ele assumiu o comando companhia, em solenidade realizada em Manaus. A cerimônia incluiu atos protocolares como discursos, entrega de medalhas e desfile da tropa, e contou com a presença do Comandante Militar da Amazônia, general Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves, além de outras autoridades militares e civis.

A Força 3 é reconhecida por atuar em operações de guerra irregular, reconhecimento especial e ações diretas. Lima ocupou esse cargo até fevereiro de 2024, quando foi exonerado após ter sido alvo de uma operação da PF que apurou reuniões de teor golpista entre militares após a derrota de Bolsonaro na eleição.

Além da carreira militar, Lima também atuou no setor privado. Ele foi diretor-executivo da Extreme Adventures and Training LTDA, empresa voltada para treinamentos táticos e esportivos, e instrutor de programas de pós-graduação organizados pelo Ministério da Defesa.

Documento chamado "Operação Luneta" foi encontrado em pendrive que estava em posse do tenente-coronel. Também havia um arquivo chamado "Operação Pacificação Nacional" — ambos envolviam ações para anular as eleições de 2022, prender ministros do Supremo Tribunal Federal e convocar as Forças Armadas para assegurar o controle do governo após a ruptura democrática.

O que diz a PF sobre o tenente-coronel

Segundo a Polícia Federal, o tenente-coronel desempenhou um papel ativo nos planos para desestabilizar o governo eleito. Ele é suspeito de participar de reuniões estratégicas em que foram discutidas medidas para deslegitimar as eleições e monitorar adversários políticos, incluindo Lula e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Uma das reuniões ocorreu em novembro de 2022 na casa de Braga Netto, vice na chapa de Bolsonaro. Nessa ocasião, Lima teria apresentado um plano detalhado para ações clandestinas que assegurassem a continuidade de Bolsonaro no poder.

Os documentos apreendidos em posse de Lima, segundo a corporação, reforçam seu envolvimento nos planos investigados. A "Operação Luneta" descrevia estratégias para anular os resultados das eleições de 2022 e assegurar o controle governamental. Já a "Operação Pacificação Nacional" detalhava etapas para estabilizar o país após a implementação do golpe.

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